O nosso país assemelha-se cada vez mais a um navio à deriva, ao sabor das ondas e dos ventos, desgovernado e sem rumo. A população anda inquieta e muito desorientada, devido ao desemprego, à carga fiscal, à debilidade da economia, à ineficiência da justiça, à insegurança, à descredibilização do Estado e, sobretudo, à perda de confiança na generalidade dos governantes e dos políticos.
Nesta emergência eram necessárias vozes e atitudes de comando, bons exemplos, experiência, seriedade e realismo. Porém, basta ouvir os discursos redondos e vazios dos poderes, para se perceber que também andam desorientados, que não estão a perceber o que se passa, que não têm rumo e que não têm nada para nos dizer, nem ideias para nos tirarem deste sarilho. O povo já os assobia e ridiculariza e, muitos deles, não passam de vaidosas e arrogantes caricaturas, sempre encostadas aos desígnios da troika.
O caso não é novo. Ao longo dos anos o Estado foi infiltrado por uma geração de boys que se instalaram e que depois passaram a circular pelas empresas, pela banca e pelos escritórios de advogados. Que se especializaram no lobby, na chantagem, no tráfico de influências, na cunha e no favorzinho. Que acumulam cargos. Que não têm preparação adequada. Que se protegem mutuamente. Que constroem currículos virtuais. Que não conhecem o mundo do trabalho. Que aspiram ao poder e ao dinheiro. Que enriquecem. Muitos chegam a secretários de Estado e a ministros e, antes e depois, são administradores ou assessores de empresas. São quase sempre os mesmos. Muitos vieram das chamadas jotas, das concelhias e das distritais do partido e muitos chegaram ao topo da pirâmide sem se saber bem porquê. Fazem parte de uma geração de boys que tem uma rede de lugares para oferecer ou trocar com os amigos e os militantes do partido. Que negoceia favores e estabelece relações promíscuas entre interesses públicos e privados. Que tem lugares assegurados na EDP e na CGD, na REN e na LUSOPONTE, mas também na JM, no BES, na IBERDROLA, na GALP, na CIMPOR e assim sucessivamente. As empresas municipais estão cheias deles. E são estes boys, altamente responsáveis pela descredibilização do Estado que continuam a querer dirigir-nos e a deixar que o navio ande à deriva.
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