Ao longo de 2011,
a França e os Estados Unidos encabeçaram o ataque ao regime líbio que venceram
com os seus mísseis. Kaddafi acabou por ser capturado e morto em Outubro de
2011, mas as rivalidades que, desde 1969, o seu regime geria com mão de ferro permaneceram
no terreno e, segundo as notícias da imprensa internacional, agravaram-se nas
últimas semanas a confirmar que o derrube do regime de Muammar Kaddafi não
resolveu os graves problemas internos líbios e que o país passou de uma regime
de ditadura para uma situação de caos absoluto.
Os grupos
extremistas islâmicos nascidos dos antigos grupos rebeldes que lutaram contra
Kaddafi e que parecem continuam a receber apoios do Qatar, da Turquia, dos
Estados Unidos e de alguns países ocidentais, bem como o reforço das suas
hostes com combatentes vindos da Síria, já provocaram a desagregação do Estado
líbio. Vieram de Benghazi e de Misrata e chegaram a Tripoli. Os combates nos
arredores da capital aumentaram de intensidade desde meados de Julho e, nos
últimos dias, têm-se agravado com uma acesa luta pelo controlo do aeroporto
internacional de Tripoli, onde já morreram centenas de pessoas. Há duros combates
e muitos incêndios nas ruas de Tripoli e os hospitais estão destruídos. Neste
quadro de guerra, sucedem-se as notícias do encerramento temporário de muitas
das 76 embaixadas e consulados estrangeiros na Líbia – casos de Portugal,
Estados Unidos, Arábia Saudita, França, Alemanha, Holanda, Austria, Grécia,
Suiça, Espanha, República Checa, Reino Unido
e outros – bem como a notícia da evacuação de centenas de cidadãos
estrangeiros que se encontravam no país.
Esta situação,
muito semelhante a outras que nasceram a partir de 2009 com a chamada Primavera Árabe, revelam como foi errada
a intervenção dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus. Os seus
estrategas não perceberam que alguns ditadores, casos de Sadam Hussein, Bashar
el-Assad e Muammar Kaddafi, eram os estabilizadores políticos e representavam a
autoridade tribal das suas regiões, pelo que o seu afastamento iria provocar a
desestabilização, a desagregação e a guerra no Iraque, na Síria e na Líbia. Além
de Bagdad e Damasco, também Tripoli já está a arder.
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