No passado
domingo aconteceram grandes manifestações em dezenas de cidades brasileiras,
nas quais participaram milhões de cidadãos, tendo as televisões de todo o mundo
mostrado as imagens de um protesto de uma dimensão inesperada. Este tipo de
manifestações acontecem habitualmente em contextos políticos e sociais de crise
e de dificuldade económica, mas os milhares de pessoas que nelas participam e
protestam, têm sempre motivações muito diversas, embora tenham um denominador
comum que é o protesto ou a indignação contra qualquer coisa, que pode ser o
governo e as suas políticas, ou a falta de emprego, ou a deficiência do serviço
de saúde, ou o custo de vida, entre muitas outras motivações. No caso das
históricas manifestações que aconteceram no Brasil as motivações dos
manifestantes terão sido em primeiro lugar o protesto contra a corrupção, mas
também o protesto contra a Presidente do Brasil e a exigência da sua
destituição (impeachment), o protesto
contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e o protesto “contra os políticos”.
Embora se estime que uma larga maioria dos manifestantes tivesse votado nas
últimas eleições presidenciais de 2014 em Aécio Neves e no seu Partido da
Social Democracia Brasileira (PSDB), a dimensão das manifestações revelou um
enorme e geral desagrado com a situação política que se vive no Brasil e com
alguns escândalos que minam a confiança das pessoas e desacreditam as
instituições. A Presidente Dilma Rousseff reagiu e congratulou-se por ter visto
centenas de milhares de cidadãos a manifestarem-se, pois isso era um sinal da
liberdade dos brasileiros por que ela própria lutara e, relativamente à
corrupção que corrói a sociedade brasileira, avisou que ela “é uma senhora
idosa”.
Hoje o Correio
Braziliense pergunta “que país é esse”, que assiste à prisão de altos
quadros da Petrobras, que pede a destituição da Presidente, que enfrenta uma
surpreendente crise económica e que parece ter deixado de acreditar nas suas
potencialidades, nas suas energias criativas e no seu futuro.
Vista do outro
lado do Atlântico, a situação brasileira é preocupante, pois é transversal à
sociedade e tem contornos políticos, sociais e económicos. No entanto, trata-se
de um ciclo menos favorável, que se sucede a um outro mais favorável, que os
brasileiros saberão ultrapassar.
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