Na vida política
portuguesa acontecem trapalhadas com demasiada frequência e, nesse aspecto, não
há grandes diferenças entre as esquerdas e as direitas que têm passado pelo
poder porque, como dizia um certo deputado, é tudo farinha do mesmo saco.
Apesar disso, há quem pretenda mostrar uma imagem de seriedade que afinal não
tem, como sucede com o caso revelado há três dias pelo jornal Público a respeito do nosso primeiro-ministro
e pelos desenvolvimentos que o caso teve.
Noticiou o jornal
que “Passos esteve 5 anos sem pagar contribuições à Segurança Social”. Esse
facto é muito grave porque não acontece com um cidadão comum, mas com alguém
que é primeiro-ministro e que devia dar o exemplo na direcção de um Estado
insaciável a penhorar salários, a cortar pensões e a perseguir contribuintes.
De resto, ainda há bem pouco tempo, também houve trapalhada no caso da sua
alegada violação do estatuto de deputado em regime de exclusividade e da sua
eventual fuga ao fisco, a mostrar que o primeiro Passos não tem ou não teve uma
boa relação com as obrigações fiscais. Apesar da gravidade deste comportamento, a sua
corte veio de imediato desculpabilizar a falta, com o seu ajudante Mota Soares
à cabeça a dizer que a culpa era dos serviços administrativos que não tinham
notificado o faltoso. Depois, veio a malta do costume, isto é, os Montenegros,
os Melos, os Marcos e os Telmos, mais os Abreusamorins, os Piresdelima e os Lealcoelhos a desculparem o seu chefe e a mostrarem-se confortados com as suas explicações. Porém, o “caso Passos”, como hoje lhe chama o Diário
Económico, não está nem pode estar arrumado.
Entretanto, o faltoso
veio dizer que “não tinha consciência que essa obrigação era devida”, o que
significa que enquanto deputado desconhecia uma lei de 1982.
Por fim, e apesar
de não ter sido contabilizada toda a dívida, o que mostra que houve um
tratamento especial para este caso, o faltoso foi a correr pagar quando o
escândalo rebentou. Embora a dívida já tivesse prescrito, o professor Marcelo
perguntou “como é que se paga voluntariamente uma dívida prescrita”. Tudo isto
é, realmente, demasiado mau e um caso de pouca vergonha. Uma trapalhada. Mais uma...
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