Os terríveis acontecimentos
de Bruxelas, tal como os que já aconteceram em Madrid, em Londres e em Paris,
mostram que a barbárie entrou no coração da Europa e que o nosso modo de vida
está ameaçado. Não é apenas a crise económica e a falta de solidariedade
comunitária que tornam incerto e inseguro o nosso futuro, mas é sobretudo a
instabilidade que o terrorismo está a trazer para a Europa, que está velha, enfraquecida e é vítima da
mediocridade das suas lideranças. De facto, os líderes europeus revelam-se incompetentes e incapazes para tratar dos
grandes problemas que acontecem para lá das suas fronteiras e de não terem
previsto o que poderia ter acontecido no interior do seu território e nas suas
cidades, como consequência das suas desastrosas intervenções no Iraque, na
Líbia e agora na Síria.
Em Março de 2011,
quando Nicolas Sarkozy decidiu acabar com o líder líbio Muammar Kadafi, este deu uma
entrevista a um jornal francês e avisou que “milhares de pessoas irão invadir a
Europa a partir da Líbia e não haverá ninguém para detê-las”. E acrescentava
que “haverá uma jihad islâmica diante
de vocês. Os homens de Bin Laden vão cobrar resgates em terra e no mar. Será realmente uma crise mundial e uma catástrofe para
todo o mundo. Eu não deixarei isso ser feito”.
Porém, ninguém o ouviu e, pelo contrário, os aviões americanos,
ingleses e franceses condenaram-no e abriram as portas a uma das maiores
ameaças que pesa sobre a Europa.
Neste quadro desolador e de grande apreensão, é com tristeza que assistimos às negociações entre a Turquia e a
Comissão Europeia sobre os indefesos refugiados que são tratados com absoluta
desumanidade, mas também às ridículas discussões e diktats da Comissão Europeia sobre o
défice orçamental português e sobre se o seu valor deve ser de 2,6% ou 2,4% do PIB, o que mostra como
a Europa é incapaz de se governar e tratar do que é importante, preferindo exibir o seu autoritarismo burocrático sobre as coisas assessórias. Além disso, muito pouco é feito para acabar com o fornecimento de armas e a compra de petróleo, operações de que vive o terrorismo, certamente porque esse negócio serve a finança especuladora europeia.
O banho de sangue que aconteceu em Bruxelas e que a imprensa de todo o mundo relatou, lembram-nos que muita coisa corre mal na Europa da fartura, do dinheiro e da hipocrisia.
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