Paulo Portas e Mota-Engil: uma relação muito antiga |
Apesar de tudo o
que a vida já nos mostrou ao longo dos anos, ainda há coisas que nos
surpreendem e, uma dessas surpresas acontece na esfera política, com a ambição
desmedida de certos figurões, com a sua enorme ganância pelo dinheiro e com a forma
despudorada como ultrapassam todos os princípios da ética e da moral política. São
indivíduos que, depois de uma militância numa qualquer Jota, entram política
para depois irem à caça do tesouro, tornando-se nuns desprezíveis mercenários,
nem sempre escondidos em sociedades de advogados.
Um desses
indivíduos é Paulo Portas, um rapazola de quem nunca se conheceu profissão nem
actividade profissional e que tem vivido à custa dos amigos, da troca de
favores e daquele invento que foi o arco da governação. De Portas ninguém
esquece a retórica vazia, nem o insulto frequente, nem o tempo d’O Independente em que dizia mal de tudo
e levantava suspeitas contra todos. Ninguém esquece o tempo em que maldizia a
integração europeia, nem o tempo nebuloso em que se passeava de Jaguar pago
pela controversa Universidade Moderna. Ninguém esquece, também, a forma golpista
e desleal como chegou ao poder no CDS, nem a afronta que foi a retirada da
fotografia do fundador do seu partido das paredes da sede, nem a suspeita de
que nunca se libertou a respeito dos submarinos. Mais recentemente, também ninguém
esquece o discurso do irrevogável e a sua ascensão a vice-primeiro-ministro. É um
troca-tintas e um camaleão.
Pois foi este
figurão que, entre 2012 e 2015 levou a Mota-Engil ao México e à Colômbia por
duas vezes, mas também ao Peru e ao Brasil, integrada nas suas comitivas. Será que
enquanto membro do governo, Portas já era da Mota-Engil? Será que Portas foi sempre
da Mota-Engil? Parece que foi ou foi mesmo? Depois de muitos anos no governo e de ter guardado muitos
milhares de fotocópias, de se ter passeado pelo mundo inteiro à nossa custa e de
ter ido à Índia inaugurar ginásios dos amigos, este rapazola decidiu ganhar
dinheiro e, vai daí, saiu do armário e deu a cara pela Mota-Engil, com a qual já
estava em união de facto há muito tempo. Que gente sem vergonha. Que pobre país este…
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