Na sua edição de hoje o diário francês Le Figaro dedica uma reportagem à Síria e à devastadora guerra que continua a assolar o país sem que se vislumbre uma solução e destaca, em título de primeira página, que “os curdos foram abandonados pelos ocidentais”.
Nos últimos tempos a campanha anti-Assad e anti-Putin dirigida pelas centrais de propaganda ocidentais quase atingiu o histerismo com a denúncia de bombardeamentos sobre Ghouta oriental, nos arredores de Damasco, nos quais perderam a vida várias centenas de civis. Sabe-se agora que os rebeldes sírios, que lutam contra Bashar-el-Assad e que foram lançados nessa luta por americanos, ingleses e franceses, dispararam um óbus sobre um mercado de Damasco que causou 35 mortes. Segundo refere o jornal “é o balanço mais elevado que conheceu a capital síria nos últimos meses causado pelos tiros de óbus e de roquetes lançados quotidianamente sobre Damasco pelos rebeldes, em represália pelos bombardeamentos do regime sobre os redutos rebeldes em Ghouta oriental”.
Porém, Le Figaro também anuncia que as forças turcas e os seus aliados sírios anti-Assad tomaram Afrin, que foi abandonada pelas forças curdas, talvez numa estratégia de recuar um passo para depois avançar dois. O abandono e a “traição” ocidental aos combatentes curdos, que têm sido os mais fiéis aliados do Ocidente na luta contra os jihadistas do Daesh, mostra como são as fidelidades na guerra. Porém, a propaganda das centrais ocidentais não relata quaisquer atrocidades em Afrin e até trata os curdos como rebeldes, o que mostra que a ditadura turca sabe manipular a opinião pública mundial. O jornal destaca ainda que depois da tomada de Afrin, a Turquia vai intensificar a sua ofensiva em direcção ao nordeste da Síria contra os curdos.
Esta guerra não é diferente das outras guerras e, como salienta o jornal francês, tanto Afrin como Ghouta oriental são apenas mais duas tragédias na Síria. Afinal Bashar-el-Assad e Recep Tayyip Erdoğan são demasiado parecidos mas, infelizmente, ainda há quem pense que nesta guerra há bons de um lado e maus do outro, quando nesta guerra são todos muito maus.
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