segunda-feira, 20 de abril de 2020

Os tempos difíceis que esperam o Brasil

Na questão da pandemia do covid-19 convém ter sempre presente que se sabe muito pouco sobre o assunto e, por isso, a maior parte do que vai sendo dito por esse mundo fora são tiradas delirantes, sobretudo sobre o aparecimento de vacinas e segundas vagas da pandemia, mas também sobre a forma de conciliar pandemia e economia ou como recuperar, na medida do possível, o quotidiano da sociedade e das pessoas. Há, contudo, uma questão que, um pouco por todo o mundo, está agora a dominar as agendas políticas: manter o confinamento, reduzi-lo gradualmente ou, simplesmente, acabar com ele para salvar a economia.
As autoridades sanitárias têm sido prudentes quanto a estas opções, mas há líderes que falam demais sem se saber se é para ganhar popularidade, se é para tranquilizar as populações, se é porque entendem que a pandemia não pode perturbar a economia ou se é apenas por ignorância.
O caso do Brasil é muito preocupante. O covid-19 apareceu em São Paulo no dia 24 de Março e, um mês depois, quando a Itália e a Espanha já viviam uma situação catastrófica, o presidente Jair Bolsonaro veio dizer que o covid-19 não passava de uma “gripezinha” ou de um “resfriadinho”, descredibilizando as evidências científicas, ao mesmo tempo que pedia às autoridades estaduais e municipais que reabrissem as escolas e o comércio, e pusessem fim ao "confinamento em massa". Depois demitiu o seu ministro da Saúde e tem insistido para que o país regresse à normalidade, sem dar ouvidos às autoridades sanitárias. O país chegou aos 38.654 infectados e aos 2.462 óbitos, mas alguns estudos indicam que pode haver entre 12 a 15 vezes mais casos de infecção, sobretudo porque não são feitos suficientes testes à população. 
Ontem em Brasília, Bolsonaro desafiou o bom senso e patrocinou uma manifestação em que, segundo o jornal O Dia, “um punhado de irresponsáveis, em atentado à saúde pública e à democracia”, pediu a intervenção militar e o encerramento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro aplaudiu este pedido expresso para um regresso do Brasil a um regime não democrático. Aproximam-se tempos difíceis para o Brasil.

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