Depois de vinte e
quatro anos no poder, o ditador Saddam Hussein foi derrotado pelas tropas de
uma coligação liderada pelos Estados Unidos que, no dia 20 de Março de 2003,
invadiu o território do Iraque e o veio a ocupar militarmente.
A República do
Iraque tinha sido criada na sequência da dissolução do Império Otomano a seguir
à Grande Guerra de 1914-18, tornando-se num estado independente em 1919, mas a
sua história mostra que nunca foi conseguida a unidade nacional, sobretudo
devido às rivalidades religiosas entre xiitas, sunitas e curdos. Daí que os
iraquianos tivessem vivido muito tempo com guerras e golpes de estado, tendo
sido por essa mesma via que Saddam Hussein ocupou o poder em 1979 e o manteve
até 2003.
Saddam Hussein era
acusado de possuir armas de destruição em massa e essa foi a justificação para
que a coligação invadisse o país à revelia do Conselho de Segurança das Nações
Unidas, mas essa acusação era falsa. Ele perdeu essa segunda Guerra do Golfo e
foi capturado pelas tropas americanas. Seguiram-se os esforços da comunidade
internacional patrocinados pelas Nações Unidas para pacificar o país e dar-lhe
uma estrutura governativa estável. Porém a guerra abriu uma caixa de Pandora e, desde então, o
país tem estado em guerra interna provocada por diferentes facções e sob ameaça
externa, bastando recordar duas recentíssimas ocorrências: uma emboscada
ocorrida a norte de Bagdad, em que morreram 11 soldados iraquianos e o duplo
ataque suicida acontecido no centro de Bagdad, em que houve 32 mortos e 110
feridos. É nesse contexto
de instabilidade nacional e de recrudescimento das actividades terroristas e do
reaparecimento dos jihadistas do
Estado Islâmico, que se está a realizar a viagem do Papa Francisco ao Iraque, em defesa
da paz e da tolerância religiosa, mas também em apoio aos cristãos iraquianos. É um grande
acontecimento no caminho da paz entre os iraquianos, mas também é um acto de grande coragem do Papa, tendo sido noticiado com destaque na imprensa internacional, designadamente pelo The Wall Street Journal.
O Papa Francisco chegou
ontem a Bagdad e as primeiras notícias que nos chegam são promissoras, porque o
encontro que já manteve com o ayattollah
Ali al Sistani, a máxima autoridade religiosa dos xiitas, se traduziu num pacto
de amizade sem precedentes entre cristãos e
xiitas, de que resultará a protecção da minoria cristã no Iraque e em outros
países do Médio Oriente.
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