Perfazem-se hoje 50
anos sobre a operação, protagonizada por alguns militares do Regimento
de Infantaria Nº 5 (R.I. 5), sedeado nas Caldas da Rainha, cujo objectivo era a
mudança do regime autoritário que dominava o país desde 1926. Viviam-se tempos
de grande insatisfação na sociedade portuguesa devido à repressão e à
intolerância política, às dificuldades económicas e ao subdesenvolvimento, à
guerra e ao isolamento internacional e, sobretudo, à intransigência do regime
na procura de soluções para a problema colonial com que o país se confrontava
desde 1961.
Nos meios
militares, onde o problema da guerra era mais sensível, pelo cansaço e pela
convicção crescente de que a solução era política e não militar, surgiram
sinais de contestação protagonizados por oficiais do Exército congregados em
torno de um “Movimento dos Capitães”, que se foram acumulando e que geraram a
necessidade de uma intervenção militar para mudar o regime. No dia 5 de março
de 1974, numa reunião realizada em Cascais, esse movimento deu origem a um
Movimento das Forças Armadas (MFA), tendo sido aprovado o documento intitulado
“O Movimento, as Forças Armadas e a Nação”, que salientava que a guerra “é uma
questão gravíssima e está na base de uma crise geral do regime, já
incontrolável pelo poder” e que “sem democratização do país não é possível
pensar em qualquer solução válida para os gravíssimos problemas que se abatem
sobre nós”. O regime reagiu e no dia 9 de março destacou compulsivamente vários
oficiais tidos como agitadores, pensando que dessa forma calava a contestação.
No dia 13 de março, mais de uma centena de oficiais da Marinha solidarizaram-se
com os seus camaradas do Exército e, no dia seguinte, o regime destituiu os
generais Costa Gomes e António de Spínola, tidos por aliados dos oficiais
contestatários.
No dia 16 de março de 1974, os militares do R.I. 5 sairam das Caldas da
Rainha e avançaram sobre Lisboa. Reagiram emocionalmente e não
tiveram sucesso. Hoje o jornal Público evoca essa jornada protagonizada
por homens generosos e muito corajosos, mas a sua iniciativa foi um bom ensaio geral, como se verificou cerca
de quarenta dias depois, naquele que foi o "dia inicial, inteiro e limpo".
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