segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Contestação e violência em Moçambique

As eleições gerais moçambicanas foram realizadas no passado dia 9 de Outubro, com o propósito de eleger o novo Presidente da República, os 250 deputados da Assembleia da República e os membros das dez assembleias provinciais. Alguns dias depois, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou que Daniel Chapo, o candidato do partido Frelimo que está no poder, tinha vencido as eleições com 71% dos votos e que o partido conquistara 195 dos 250 assentos parlamentares. A CNE informou, também, que o Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos) conquistara 31 assentos e que a Renamo conquistara 20 assentos parlamentares.
O Podemos contestou estes resultados com base na sua própria contagem de votos e reivindicou que o seu candidato Venâncio Mondlane vencera a corrida presidencial com 53% dos votos e que o partido conquistara 138 assentos parlamentares, ameaçando lançar uma greve e uma contestação nacional se a Frelimo fosse declarada vencedora. De facto, a oposição conseguiu mobilizar a população um pouco por todo o território nacional num movimento de contestação dos resultados eleitorais e, no dia 28 de Outubro, Venâncio Mondlane apelou à formação de um governo de unidade nacional em que participassem todos os partidos da oposição, para formar uma frente unida contra a Frelimo. Entretanto, aconteceram assassinatos, há violência nas ruas da capital, distúrbios em várias cidades, estão contabilizadas mais de três dezenas de mortos e muitos reclamam a “reposição da verdade eleitoral”. Há dois dias, o jornal O País informava que “manifestantes assaltam o centro de Maputo”, enquanto o semanário Savana, que é crítico da Frelimo, escolheu como título “Guerrilha urbana”, parecendo mais uma sugestão ou um apelo aos manifestantes do que uma notícia.
A realidade é que a situação é grave e que aqui esperamos que a razão e a pacificação cheguem depressa a Moçambique.

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