quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A crise, a vaidade lusa e os Porsche

De acordo com as estatísticas divulgadas pela ACAP – Associação Automóvel de Portugal, no passado mês de Janeiro foram vendidos 6949 veículos ligeiros de passageiros em Portugal, o que representou uma quebra de cerca de 47,4% em relação ao mês de Janeiro de 2011. Esta quebra é um dos sinais mais evidentes da grave crise económica por que passamos e é o mais baixo valor de vendas do sector automóvel dos últimos 24 anos.
A informação da ACAP revela que em Janeiro de 2012 houve 33 marcas automóveis que fizeram vendas em Portugal, das quais 29 tiveram quebras nas vendas em relação ao mesmo mês do ano anterior, enquanto verificamos que quatro marcas venderam mais unidades em Janeiro de 2012 do que em Janeiro de 2011 – Land Rover, Lancia, Jaguar e Porsche.
Parece um paradoxo, pois trata-se de quatro das mais caras marcas comercializadas em Portugal, sendo de salientar que a Land Rover teve um crescimento das vendas de 152%, enquanto a Porsche aumentou as suas vendas em 60%!
Em tempo de grandes dificuldades, estes casos são um retrato da desigualdade nacional, não ajudam ao reforço da coesão social, mostram que o sacrifício não é igual para todos e são um mau contributo para a nossa recuperação económica. Porém, as lusitanas vaidades e o novo-riquismo continuam tão vivos como nos tempos da euforia e, mesmo em época de crise, ainda há quem não dispense este sinal exterior de riqueza que é circular por aí a pilotar um Porsche. Ou serão casos de sofisticado investimento e de antecipação a uma qualquer ventania que se aproxima?

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