quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O desemprego é a chaga do nosso tempo

Não é costume que um jornal abdique do noticiário corrente, mais ou menos sensacionalista, para se concentrar num só tema. Assim fez ontem o London Evening Standard com a apresentação de uma desenvolvida reportagem sobre a “lost generation”, na qual verifica que em Londres, um em cada quatro jovens masculinos e um em cada cinco jovens femininos estão desempregados e que a procura de emprego excede dez vezes a oferta. Os jovens perdem a esperança, o entusiasmo e a energia por meses e anos de ociosidade involuntária e, quanto mais tempo permanecem fora do mundo do trabalho, mais difícil se torna encontrar um emprego. A marginalidade, a pobreza, a ruptura social e a revolta tornam-se uma ameaça. É um problema sério e é uma espiral de consequências imprevisíveis.
Porém, o problema não existe apenas em Londres, no Reino Unido e na Europa, onde as filas de desempregados continuam a aumentar. Em Portugal temos o mesmo problema, mas em maior escala, sendo igualmente graves e imprevisíveis as consequências económicas e sociais da situação. Entre 2000 e 2012 o desemprego passou de 3,9% para 15,5%, o que equivale a cerca de 827 mil trabalhadores no desemprego. Entre os jovens com menos de 25 anos, um dos segmentos mais afectados pela falta de emprego na União Europeia, o desemprego em Portugal encontra-se nos 36,4%, sendo o terceiro mais alto em todo o espaço comunitário. Por estas razões, é indispensável que os governantes pensem mais nas pessoas e adoptem políticas de apoio ao crescimento e ao emprego, não se limitando a ser bons alunos dos burocratas da troika, nem a mandar os nossos jovens para a emigração.


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