O Orçamento do Estado para 2014 é muito
duro para os contribuintes, para os funcionários públicos e para os reformados
e pensionistas, mas não tem o mesmo grau de exigência para aqueles que deviam
dar o exemplo da contenção e da parcimónia, isto é, os governantes. Assim, sem bons exemplos, eles nunca conseguirão comandar esta nau e far-nos-ão andar à deriva como tem acontecido. No próximo ano os ministros
e os respectivos gabinetes vão gastar mais do nosso dinheiro, pois verifica-se um
aumento de cerca de 8,13% na sua despesa, quando comparado com a estimativa de despesa
incluida no segundo orçamento rectificativo para o ano corrente. O governo
engordou por via das várias remodelações decididas ao longo dos últimos meses
com mais ministros, mais secretários de Estado, mais assessores e mais equipas
de apoio, pelo que hoje já tem mais gente (56) do que o maior dos governos de Sócrates
(55) que o primeiro ministro e o seu amigo catroga apontavam como exemplo de
gorduras do Estado. Alguns gabinetes irão reforçar de forma significativa os
respectivos orçamentos para 2014, como acontece por exemplo com a Presidência
do Conselho de Ministros. É um mau exemplo por gastar mais, mas é uma falta de
pudor por retirar esse dinheiro aos reformados. O Correio da Manha dá-nos
hoje a exacta medida deste desregramento e deste despudor ao anunciar que a equipa
do primeiro ministro é constituída por 60 pessoas, onde se incluem dez
secretárias que ganham 1882 euros cada uma, onze motoristas que recebem 1848 euros
cada qual e nove assessores que auferem uma média de
3653,81 euros. O jornal fez as contas e concluiu que esse gabinete custa 134 900 euros por mês, de acordo com a lista de nomeações
publicada pelo Governo, com um salário médio de 2248 euros. Porém, todos
sabemos que não é assim. Nesses gabinetes gasta-se à tripa forra e, por isso, a despesa da Presidência do Conselho de Ministros ainda será
acrescentada com as viagens, as ajudas de custo, as despesas de representação, as
horas extraordinárias, as viaturas, as refeições, os telemóveis e eu sei lá que
mais, fazendo com que este
despesismo seja um mau exemplo que passa para a sociedade.
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