Foi em Setembro de 2008 que o
Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento americanos,
declarou falência depois de ter acumulado gigantescos prejuízos devido à crise
no mercado imobiliário originada pela criação de produtos financeiros (conhecidos
por subprime), suportados em créditos
hipotecários de alto risco concedidos a famílias americanas que não tinham
capacidade financeira para os pagar. Era a derrota da gananciosa e fraudulenta
actividade da banca que levara a que a dívida do Lehman Brothers superasse os
430 mil milhões de euros, isto é, mais do dobro do PIB de Portugal! O contágio foi intenso e, um ano
depois, tinham fechado 273 bancos americanos!
A falência do
Lehman Brothers tem sido considerada como o detonador de uma crise financeira
que atravessou o Atlântico e levou à falência de muitas empresas e à perda de
milhões de empregos na Europa. Então, quando se verificou que também
havia muitos “lehman brothers” na Europa, foram injectados na banca muitos
milhões de euros sob várias formas para superar a situação, “porque os bancos
eram demasiado grandes para falir”. Apesar disso, um pouco por toda a Europa houve bancos
que faliram ou foram nacionalizados, por exemplo na Grécia, na Espanha, no Chipre, na
Bélgica e até na Alemanha. Raramente foram pedidas responsabilidades por gestão
ruinosa, por práticas fraudulentas, evasão fiscal, manipulação contabilística ou, simplesmente, por roubo. A impunidade foi quase total, pouco foi
alterado e continuaram as obscenas remunerações, os bónus e as mordomias faraónicas dessa
gente. Tem reinado o silêncio e a promiscuidade do costume entre banqueiros,
políticos e jornalistas. A culpa parece ter morrido solteira.
Aqui tivemos o
caso BPN, mas também os casos BPP e BCP, o Banif e, agora, o BES, cuja sucursal de Angola
não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de euros, embora se suspeite que, tal
como no BPN, uma boa parte tenha ido parar às contas de alguns administradores
e tenham alimentado grandes negociatas. Lamentavelmente, muitos dos nossos "políticos de aviário" continuam sem perceber nada disto e, em vez de se curvarem
aos banqueiros para que lhes garantam o futuro, deveriam
repensar as razões por que chegamos a este tão lamentável “estado da Nação” e
ter a coragem de mudar de rumo, com melhor governo, melhor oposição e mais
respeito pelos portugueses. Ao menos valha-nos o Pai e o Filho, porque o Espírito Santo...
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