Nos últimos
tempos os portugueses têm sido surpreendidos por declarações lastimáveis de
alguns dos nossos responsáveis políticos, algumas delas muito insensatas,
outras muito graves e outras, ainda, simplesmente inverdadeiras. Provavelmente fazem
parte de um programa de propaganda pré-eleitoral e, apesar de serem tratados
com muita compreensão por uma comunicação social que, cada vez mais, é a voz do
dono, estão bem presentes na nossa memória. São, por exemplo, as trapalhadas do
ministro Machete em relação a Angola, a manifesta ignorância do ministro Lima
sobre o dossier TAP e a insensatez agressiva do ministro Branco contra
militares de grande prestígio. Mas há outros casos e figuras a merecerem
censura, como a mentirosa propaganda feita à volta da amortização da dívida ao
FMI, que sendo um banal acto de gestão que não altera a nossa dívida global,
tem sido apresentado como resultado da boa acção governativa, inclusive pelo
ministro das feiras nacionais e internacionais, o que é absolutamente ridículo.
Porém, o mais
chocante de todos estes casos refere-se à atitude de hostilidade e de
radicalismo para com a Grécia, protagonizada pelos cidadãos Cavaco S. e Passos
C., que são o Presidente da República e o Primeiro-Ministro de Portugal. Já
antes, no caso BES, ambos se tinham destacado por lavar daí as suas mãos ou
fazerem polémicas declarações, como aquelas que foram feitas na Manta Rota e em
Seul. Agora, as suas declarações sobre a Grécia são lamentáveis e indignas,
pois constituem uma flagrante intromissão nos assuntos de outro Estado-Membro e
um inqualificável seguidismo em relação a outros. Ignorando o gravíssimo
problema económico e social da Grécia e a própria situação portuguesa que não é
muito diferente, Cavaco S. e Passos C. deram um tiro no pé e aliaram-se à
Alemanha contra a Grécia. Esqueceram que um dos objectivos inscritos no Tratado
Constitucional é “a promoção da coesão económica, social e territorial, e a
solidariedade entre os Estados-Membros”. Um referiu-se às ambições gregas como
“um conto de crianças” e o outro, meteu-se onde não era chamado, lembrando a
solidariedade portuguesa para com a Grécia “que já representou a saída de
muitos milhões de euros da bolsa dos contribuintes portugueses”. Ouvi ambos e nem quis acreditar.
Com estes dirigentes,
valha-nos Deus!
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