domingo, 15 de fevereiro de 2015

Com estes dirigentes, valha-nos Deus!

Nos últimos tempos os portugueses têm sido surpreendidos por declarações lastimáveis de alguns dos nossos responsáveis políticos, algumas delas muito insensatas, outras muito graves e outras, ainda, simplesmente inverdadeiras. Provavelmente fazem parte de um programa de propaganda pré-eleitoral e, apesar de serem tratados com muita compreensão por uma comunicação social que, cada vez mais, é a voz do dono, estão bem presentes na nossa memória. São, por exemplo, as trapalhadas do ministro Machete em relação a Angola, a manifesta ignorância do ministro Lima sobre o dossier TAP e a insensatez agressiva do ministro Branco contra militares de grande prestígio. Mas há outros casos e figuras a merecerem censura, como a mentirosa propaganda feita à volta da amortização da dívida ao FMI, que sendo um banal acto de gestão que não altera a nossa dívida global, tem sido apresentado como resultado da boa acção governativa, inclusive pelo ministro das feiras nacionais e internacionais, o que é absolutamente ridículo.
Porém, o mais chocante de todos estes casos refere-se à atitude de hostilidade e de radicalismo para com a Grécia, protagonizada pelos cidadãos Cavaco S. e Passos C., que são o Presidente da República e o Primeiro-Ministro de Portugal. Já antes, no caso BES, ambos se tinham destacado por lavar daí as suas mãos ou fazerem polémicas declarações, como aquelas que foram feitas na Manta Rota e em Seul. Agora, as suas declarações sobre a Grécia são lamentáveis e indignas, pois constituem uma flagrante intromissão nos assuntos de outro Estado-Membro e um inqualificável seguidismo em relação a outros. Ignorando o gravíssimo problema económico e social da Grécia e a própria situação portuguesa que não é muito diferente, Cavaco S. e Passos C. deram um tiro no pé e aliaram-se à Alemanha contra a Grécia. Esqueceram que um dos objectivos inscritos no Tratado Constitucional é “a promoção da coesão económica, social e territorial, e a solidariedade entre os Estados-Membros”. Um referiu-se às ambições gregas como “um conto de crianças” e o outro, meteu-se onde não era chamado, lembrando a solidariedade portuguesa para com a Grécia “que já representou a saída de muitos milhões de euros da bolsa dos contribuintes portugueses”.  Ouvi ambos e nem quis acreditar.
Com estes dirigentes, valha-nos Deus!

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