Passados mais de
cinquenta dias sobre as eleições legislativas de 4 de Outubro e depois de
audiências com tantas personalidades apostadas em contrariar a vontade expressa
dos portugueses através dos seus deputados eleitos, tomou posse ontem o XXI
Governo Constitucional presidido por António Costa. Acabou essa treta do arco da governação. Festejemos por isso, até porque os últimos quatro anos
foram duros e cansativos para os portugueses que, com 62% dos votos, rejeitaram
a insensibilidade, o autoritarismo e a demagogia do par Passos & Portas. Como
disse há muitos anos o poeta Luís de Camões:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades;
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o
mundo é composto de mudança;
Tomando
sempre novas qualidades”.
Estamos realmente num tempo de “mudança” e de “novas qualidades”,
mas estamos sobretudo num tempo de esperança para nos sentirmos num país mais
democrático, mais coeso, mais solidário e de gente mais feliz. Ao contrário do
que tem sido dito pela propaganda, o governo de Passos e Portas fez-nos andar
para trás. Estamos pior do que em 2011. Temos mais dívida pública, mais
desemprego, mais pobreza, mais desigualdade, mais gente emigrada, mais
desertificação do território e mais envelhecimento demográfico. Esta é que é
realidade que não é possível manipular.
Ontem Cavaco esteve ao seu nível, com ameaças e avisos
desnecessários que só serviram para aumentar a crispação que anda por aí. O seu
tempo político já passou. Agora é preciso assegurar que regresse a Boliqueime
com um mínimo de dignidade. A História não guardará dele boa memória, mas
talvez lhe ponham o nome numa rua ou numa escola ou num qualquer pavilhão
gimno-desportivo.
O discurso de António Costa foi prometedor com fortes apelos à
serenidade e à moderação, sem abdicar do combate à “vertigem austeritária” e a
lembrar que responde politicamente perante o Parlamento e não perante Cavaco.
Porém, tem um desafio difícil pela frente, até porque vai continuar a campanha
difamatória que lhe tem sido feita pelas televisões e pelos seus jornalistas e
comentadores de serviço, assim como o discurso intolerante e mentiroso de Portas,
de Rangel, de Montenegro, de Teresa Coelho e dessa sinistra figura que é Marco António Costa,
que repetem até à exaustão uma mesma cassete
mentirosa.
António Costa é um político experiente e está preparado. Juntou
gente de muito valor, com provas dadas na política e na vida académica. Sabe
que os tempos são difíceis e que o caminho está armadilhado em Lisboa, em
Bruxelas e talvez em Berlim, mas também sabe que tem a confiança maioritária dos portugueses para
mudar o rumo do país. Boa sorte!
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