Manuel Alegre venceu o Prémio Camões 2017, o maior prémio da literatura portuguesa. É um justo prémio para um homem que além do talento literário, cultiva a arte poética de uma forma apaixonante e cuja experiência de vida de militância em grandes causas tem sido exemplar.
Como poeta, Manuel Alegre destacou-se com A Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967), que foram apreendidos pelas autoridades do Estado Novo, mas que tiveram grande circulação nos meios intelectuais e estudantis, tendo marcado o seu percurso político de combate contra a ditadura e a guerra colonial. Estas obras ainda constituem referenciais para uma geração e muitos dos seus poemas popularizaram-se nas vozes de Adriano Correia de Oliveira, José Afonso e Amália Rodrigues.
Manuel Alegre foi uma voz de esperança que denunciou a opressão salazarista, a violência da emigração e da guerra, o que lhe custou a prisão e o exílio. O prémio que justamente lhe foi atribuido destaca o conjunto da sua obra literária mas, muitos como eu, acharão que só aquelas duas obras justificariam o Prémio Camões.
O prémio Camões foi instituido em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil para galardoar os autores que tenham contribuido para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa e, de entre os 29 escritores já premiados, encontram-se 12 escritores portugueses. Manuel Alegre junta-se a Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Sophia de Melo Breyner, José Saramago e Eugénio de Andrade, entre outros. Desta vez o jornal Público escolheu bem a sua capa e ao fazer de Manuel Alegre a notícia do dia.
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