Passou uma semana
desde o trágico incêndio que enlutou o país, roubando 64 vidas ao nosso
convívio, queimando aldeias e floresta, destruindo muito património em vários
concelhos do centro do país. O balanço é dramático e, para além dos seus duros aspectos
emocionais, é também uma consequência do continuado processo de desertificação e
de abandono das regiões interiores do nosso país, cada vez mais esquecidas.
Muita gente
procura respostas para as dúvidas que persistem quanto ao que aconteceu em
Pedrógão e nos concelhos vizinhos, enquanto alguns políticos, acolitados por
abutres disfarçados de jornalistas, procuram avidamente por responsáveis para
queimar adversários políticos. Lamentável. Contudo, a responsabilidade que os
abutres procuram para vender jornais ou para destruir adversários políticos, até
pode ser encontrada nas condições meteorológicas excepcionais, na deficiência
de funcionamento da SIRESP, a operadora da Rede Nacional de Emergência e
Segurança, ou na eventual inconpetência de um ou outro agente que não actou
eficazmente, mas a verdadeira explicação está nos nossos comportamentos de
risco e nas nossas imprevidências, mas também nos políticos que escolhemos,
porque durante décadas não tiveram coragem para enfrentar o problema do
ordenamento florestal, que é muito complexo e cuja solução rouba votos. De
facto, se o diagnóstico está feito há muito tempo, é caso para perguntar porque
razão são adiadas as medidas que se impõem quanto ao ordenamento florestal e à
limpeza das florestas?
Ao olharmos para
a fotografia hoje publicada na capa da edição do jornal Público facilmente
compreendemos, sem ser necessário ser especialista nestas matérias, que a
estrada EN 236 bem como muitas outras estradas que existem em Portugal, são
verdadeiras ciladas montadas para quem nelas circula no Verão, devido ao denso
arvoredo que as envolve até junto das bermas.
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