A Audiência
Nacional, que é um tribunal com jurisdição sobre todo o território e a
principal instância penal espanhola, condenou ontem 29 dos 37 acusados no
processo Gürtel a 351 anos de prisão. A Espanha naturalmente tremeu e muitos
espanhóis ficaram em estado de choque, mas muitos outros também ficaram
aliviados.
O caso Gürtel
refere-se a uma rede de corrupção política ligada ao Partido Popular (PP) que
era encabeçada pelo empresário Francisco Correa Sánchez, uma figura da
alta sociedade de Madrid, tendo sido baptizado como Gürtel, a tradução alemã
de Correa, talvez porque quando as coisas foram detectadas Francisco Correa tinha
um estatuto de intocável e ninguém queria associar o seu nome a este caso.
A
investigação foi iniciada em finais de 2007 e só agora houve sentença. Apurou-se
que, durante muitos anos, nos municípios e comunidades autónomas governados
pelo PP, eram adjudicados inúmeros serviços a empresas ligadas a Francisco Correa,
a troco de subornos e presentes de elevado valor. Os lucros assim obtidos eram
canalizados para contas secretas e paraísos fiscais às ordens do PP. Francisco
Correa foi considerado o cabecilha deste caso e foi condenado a 51 anos de
prisão, enquanto Luis Bárcenas, o ex-tesoureiro do partido, foi condenado a 33
anos de prisão e ao pagamento de uma multa superior a 44 milhões de euros,
tendo a sua mulher, Rosalia Iglesias, sido condenada a uma pena de 15 anos de
prisão. Ao todo, houve 29 condenações com 351 anos de cadeia. Uma bomba em Espanha!
Como hoje refere
o El
País, o PP foi condenado e a credibilidade de Mariano Rajoy, o líder do
PP, está de rastos. Aproxima-se, portanto, mais uma crise política em Espanha, a juntar às que já por lá viviam.
Não sabemos se este
caso teve ou não teve contágio em Portugal, mas ninguém tem dúvidas que muitas
adjudicações por aí feitas ao longo dos anos, beneficiaram os amigos de todas as cores, por vezes escandalosamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário