Theresa May
anunciou ontem que vai abandonar a liderança do Partido Conservador e a chefia
do governo do Reino Unido, mas essa decisão era esperada e desejada desde há
muito tempo, até porque já ela acumulara três pesadas derrotas no Parlamento a
propósito do seu acordo do Brexit com a União Europeia. A persistência com que
May defendeu o seu acordo, para o qual revelou uma teimosia política e uma
enorme falta de habilidade para consensos, ditaram este esperado final que toda
a imprensa britânica noticia, nuns casos com alívio, noutros com preocupação. Tudo acabou em lágrimas como escreveu The Times. A sua decisão terá efeitos a partir de 7 de
Junho, sendo então formalizada a corrida à sua sucessão, mas Theresa May continuará
a desempenhar o seu cargo até que o processo de sucessão fique concluído.
Com esta decisão,
o Reino Unido deu mais um passo para a sua describilização internacional e
ficou evidente que não teve em Theresa May um primeiro-ministro à altura das
circunstâncias, como noutros tempos e noutras crises tivera Winston Churchill
ou Margaret Thatcher.
O processo do Brexit vai continuar na agenda da política
britânica mas terá que ser resolvido até ao dia 31 de Outubro, ficando agora em
aberto a hipótese de uma saída sem qualquer acordo ou a realização de um
segundo referendo.
Não é difícil
prever que, por maior que seja a habilidade política do sucessor de Theresa
May, o processo vai continuar encalhado porque os deputados que a contrariaram são
exactamente os mesmos que agora vão reapreciar o assunto. Sem eleições
antecipadas e a constituição de um novo Parlamento, que afirme claramente o sim
ou o não em relação ao Brexit, o espectáculo degradante da política britânica
vai continuar.
Entretanto, os
britânicos já votaram para o Parlamento Europeu, o que sendo uma situação
normal, até parece um paradoxo.
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