sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Evocação do referendo de 1999 em Timor

Depois dos chamados acordos de Nova Iorque assinados no dia 5 de Maio de 1999 entre Jaime Gama e Ali Alatas, em representação dos governos de Portugal e da Indonésia com a mediação de Kofi Annan, o secretário-geral das Nações Unidas, realizou-se no dia 30 de Agosto de 1999 um referendo em Timor Leste.
Nessa consulta não se falava em independência e, muito habilmente, perguntava-se aos timorenses se aceitavam ou não uma autonomia especial para o seu território. A resposta foi negativa e 78,5% dos timorenses optaram por rejeitar essa “oferta” de estatuto, o que nos termos dos acordos de Nova Iorque significava o fim do vínculo indonésio a Timor-Leste e a restauração do estatuto que tinha até à invasão indonésia do seu território. Estava aberta a porta para a independência de Timor-Leste e para a substituição das forças militares e policiais indónésias por uma Força Internacional para Timor-Leste (INTERFET).
A notícia da realização da consulta popular que foi acordada em 5 de Maio, provocou muitas acções de intimidação contra os independentistas e muitos assassinatos. Com os resultados de 30 de Agosto, as milícias pró-indonésias com a cumplicidade dos militares indonésios, criaram uma situação de generalizada violência e destruição no território, sobretudo na cidade de Dili, assassinando muitas centenas de pessoas e levando muitos milhares a refugiarem-se em territórios vizinhos. As infraestruturas do território foram destruídas quase completamente, incluindo casas, escolas, igrejas, hospitais, bancos e os sistemas de irrigação, de abastecimento de água e de electricidade. As televisões mostraram a tragédia vivida pelos timorenses durante vários dias, pois só no dia 20 de Setembro desembarcou a força das Nações Unidas comandada pelo major-general australiano Peter Cosgrove. Hoje, o jornal Público evoca o 20º aniversário do referendo que abriu as portas da independência a Timor Leste, com uma fotografia da "alegria do povo".

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