No
passado dia 3 de Janeiro foi assassinado em Bagdade o general iraniano Qassem
Soleimani vitimado pelo disparo de um drone americano e, na noite de 7 para 8
de Janeiro, os iranianos retaliaram com 22 mísseis contra duas bases militares
americanas no Iraque.
Quase
em simultâneo, um Boeing 737 da Ukrainian International Airlines que fazia o
voo comercial PS 572 e que levantara do aeroporto de Teerão há poucos minutos
despenhou-se e provocou 176 vítimas, sendo 82 iranianos, 57 canadianos, 11
ucranianos e três britânicos. Houve quem suspeitasse da coincidência temporal
entre a retaliação iraniana e o colapso do avião ucraniano, mas as autoridades
iranianas negaram qualquer ligação entre estes dois acontecimentos.
Porém,
começaram a ouvir-se vozes, sobretudo do primeiro-ministro canadiano Justin
Trudeau, afirmando haver indícios de que o avião ucraniano fora derrubado por
projécteis iranianos. Durante três dias foi negada a intervenção do Irão nesta
tragédia, até que ontem, dia 11 de Janeiro, o presidente Hassan Rouhani
anunciou que a investigação interna levada a cabo pelos militares iranianos
concluiu que “mísseis disparados devido a erro humano causaram o horroroso
desastre do avião ucraniano”. Hoje, no jornal Tehran Times os
militares iranianos assumem responsabilidades pela tragédia, acontecida num
ambiente de grande tensão criado pelas circunstâncias e pelas ameaças dos
últimos dias, em que o avião terá sido confundido com um míssil hostil pelo que
foi abatido.
As
forças armadas iranianas já prometeram melhorar os seus sistemas para evitar
uma repetição do que sucedeu e as autoridades já afirmaram aceitar
a entrada de investigadores internacionais, incluindo peritos da Boeing, tendo
disponibilizado as caixas negras do avião aos peritos.
No
meio desta tragédia, a atitude de abertura e de assunção de responsabilidades
por parte do Irão deve ser destacada e até pode servir de trampolim para algum
apaziguamento regional. Por outro lado, aqueles que na rua gritaram "morte à América", agora gritam "abaixo os ayatollahs".
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