No passado dia 10
de Junho, com base numa recomendação do Conselho de Estado da Turquia, o
presidente Recep Tayvip Erdoğan assinou um decreto que determina a reclassificação da Basílica de Santa Sofia,
também conhecida como Hagia Sophia, que em 1934 tinha sido convertida em museu
e se tinha tornado um símbolo do secularismo e da moderna Turquia sob a
direcção de Mustafa Ataturk. O majestoso edifício que é famoso pela sua enorme
cúpula que é um exemplo único da excelência da arquitectura bizantina, foi
inicialmente construído no século VI para servir de catedral de Constantinopla,
mas em 1453 com a queda do Império Romano do Oriente a cidade foi renomeada
como Istambul e a catedral foi transformada em mesquita, até que em 1934 foi
adaptada como museu. Com a decisão agora tomada por Erdoğan, a Hagia Sophia vai
voltar a ser uma mesquita, o que mostra a complexidade de quinze séculos de
História das relações europeias e turcas ou das tradições cristãs e islâmicas.
A decisão turca
gerou críticas internas e interessou a opinião pública europeia pois a
reconversão da Hagia Sophia vem sendo interpretada como uma jogada nacionalista
ditada pelas ambições políticas internas de Erdoğan, mas também pelos desejos
turcos de verem o seu país tornar-se uma potência regional e de, eventualmente,
se poderem entusiasmar num afrontamento político e religioso à Europa que não deseja ter um polo de instabilidade na sua fronteira oriental. O jornal Público diz que Erdoğan está a enterrar de vez a Turquia laica e, de facto, assim parece.
Paradoxalmente, a
Turquia continua a pertencer à NATO, enquanto faz negócios com a Rússia e
apazigua as suas tensões com o Irão. É mesmo complexa aquela região do mundo.
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