Se fosse viva,
Amália Rodrigues completaria hoje cem anos de idade e os portugueses lembraram hoje
essa figura singular da nossa vida cultural através de uma homenagem que
lhe foi prestada pela Assembleia da República. Porém, as homenagens que lhe
foram prestadas por iniciativa da sociedade civil e de muitas associações
culturais mostram a grandeza de uma pessoa de forte personalidade e grande
talento que, através da sua voz, se tornou conhecida e foi aplaudida
internacionalmente. Num tempo de um Portugal sombrio, autoritário, paroquial e
“orgulhosamente só”, Amália foi a outra imagem do país, foi o rosto e a voz da
cultura portuguesa e foi aclamada e adorada pelos portugueses de todas as
classes sociais e de todas as latitudes.
Em 1964,
juntamente com muitos outros companheiros, tivemos o privilégio de conhecer e
conviver com Amália Rodrigues durante alguns dias numa pequena ilha atlântica,
onde se encontrava envolvida em actividades cinematográficas. Todos então
pudemos apreciar a simplicidade e a riqueza humana daquela mulher sorridente, coloquial e
sempre bem disposta, que então já era uma figura conhecida em meio mundo, onde
se impusera pelo seu talento artístico e pela sua inteligência. Ela foi uma criadora que revolucionou o fado, ao dar voz aos poetas portugueses que levou até ao povo, mas também ao levar a música popular até às elites culturais. O sucesso de
Amália foi sempre ascendente e o seu prestígio nacional foi inigualável, como era demonstrado pela devoção com que os
portugueses a adoravam.
Em Outubro de
1999 deixou-nos, mas a devoção nacional por Amália continuou. Hoje, o seu rosto e a sua voz são memórias que continuam vivas
no imaginário português.
Muito bem lembrado o episódio da Amália na "Sagres" em 1964.
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