Retrato oficial do Presidente Jorge Sampaio por Paula Rego (2005) |
Com 81 anos de
idade faleceu hoje Jorge Sampaio. É uma triste notícia para a nação portuguesa porque
acaba de perder um dos seus mais ilustres filhos das últimas gerações, que não
era apenas um antigo e prestigiado Presidente da República mas, sobretudo, uma
referência da Democracia Portuguesa.
Antes do 25 de
Abril foi dirigente estudantil no tempo do combate à Ditadura, foi advogado de
presos políticos oposicionistas e foi um exemplar defensor da Liberdade e da
Democracia. Depois da “madrugada inteira e limpa” foi um esclarecido apoiante
dos capitães de Abril que derrubaram a Ditadura, integrou governos provisórios,
foi deputado e líder parlamentar e, apesar de se ter filiado no Partido
Socialista e ter sido seu secretário-geral, seguiu uma vida política bastante
autónoma que o levou à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa e à
Presidência da República. Entre muitas outras intervenções relevantes, recordo a sua entrevista à cadeia americana CNN, que se revelou decisiva para a resolução do problema de Timor.
As homenagens que
lhe estão a ser prestadas por todos os quadrantes políticos portugueses distinguem o
homem de causas e o exemplo de ética, mostrando a grandeza da sua coragem, humanismo e solidariedade. Já ouvira falar dele como
oposicionista à Ditadura e, depois de 1974, fui algumas vezes a sessões
públicas e a comícios apenas para o ouvir. Nunca tive o privilégio de alguma
vez lhe ter falado, apesar de me ter cruzado com ele várias vezes e de, como
cidadão, sempre lhe ter dado o meu voto.
Com o
desaparecimento de Jorge Sampaio todos perdemos um protagonista de referência
da nossa história recente, como homem de cultura, como cidadão exemplar e como político de excelência.
Homens como Jorge Sampaio fazem muita falta à Democracia portuguesa!
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