domingo, 17 de abril de 2022

Falcon 50, ou vício de utilizar mordomias

O semanário tal & qual foi fundado em 1980 pelo jornalista Joaquim Letria e foi publicado até 2007, data em que por motivos económicos cessou a sua publicação. De formato tablóide e de circulação semanal, tinha bastante aceitação e teve grande sucesso, embora adoptasse uma postura demasiado sensacionalista.
Em Junho de 2021 o jornal reapareceu sob a responsabilidade de um consórcio de jornalistas, alguns dos quais são reconhecidamente credíveis, com o mesmo estilo sensacionalista que tinha adoptado na sua versão inicial.
Na sua última edição, o semanário escolheu o título “o que está a dar é andar de Falcon”, que está em linha com a sua orientação editorial sensacionalista. Pois o jornal verificou que, entre Abril de 2021 e Abril de 2022, os três Falcon 50 da Força Aérea Portuguesa realizaram 71 viagens ao serviço do Presidente da República e de membros do Governo, designadamente do Primeiro-Ministro e dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional. No caso do Chefe do Estado, o Falcon 50 foi utilizado trinta vezes, não só no interior do território nacional, mas também em viagens para o estrangeiro. Esta frequente requisição do Falcon 50 é uma mordomia, um verdadeiro exagero, uma despesa desnecessária e um caso de novo-riquismo injustificável. Um dos exemplos apresentados na imprensa referem-se ao passado dia 29 de Março, em que Marcelo Rebelo de Sousa utilizou um Falcon 50 para ir ao Porto ver o jogo de futebol entre Portugal e a Macedónia do Norte, de qualificação para o Mundial de 2022 e, depois, para regressar a Lisboa para poder estar presente no Coliseu dos Recreios, para assistir ao final do concerto com que Simone de Oliveira assinalou o seu fim de 65 anos de carreira.
Então os Falcon 50 são para estas coisas?

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