A edição de hoje
do diário francês Libération escolheu os países ibéricos como tema de primeira
página, publicando as fotografias de António Costa e de Pedro Sánchez e
escolhendo como título: Espagne,
Portugal. La gauche qui marche.
O jornal fundado em 1973 por
Jean-Paul-Sartre nasceu no campo da extrema-esquerda, evoluiu e, actualmente,
posiciona-se no espaço político do centro-esquerda. Nesta edição, o jornal
destaca que com Sánchez em Madrid e Costa em Lisboa, “os dois governos da
península Ibérica progridem e são sustentáveis” e pergunta: De quoi inspirer la gauche française? Numa
altura em que a França e alguns países vizinhos, como o Reino Unido e a Itália,
têm governos de direita, a esquerda francesa e o seu jornal de referência olham
com curiosidade e inveja para o sudoeste do continente europeu, elogiando
“estas esquerdas da península Ibérica que mostram o caminho”, como se não
houvesse problemas em Portugal e na Espanha.
Em Portugal, onde governa António
Costa desde 2015 e agora com maioria absoluta do PS, o jornal diz que “a
esquerda está a balançar, mas a manter o rumo”, apesar das demissões no
governo, dos protestos sociais, sobretudo dos professores, das perturbações na
TAP e da apatia governamental perante a necessidade de reformas.
Na Espanha, onde
Pedro Sánchez governa desde 2018 em coligação do seu partido (PSOE) com uma
outra coligação de várias esquerdas mais ou menos radicais denominada Unida Podemos, o jornal diz que “é uma
esquerda que não conhece o sinistro”, embora se aproximem tempos difíceis com
as eleições municipais e regionais a realizar no próximo mês de Maio e as
eleições gerais no final do ano.
Significa, portanto, que a visão deslumbrada do
Libération
em relação aos seus vizinhos do sul talvez não se justifique porque, como diz o
povo, só quem está no convento, sabe o que lá vai dentro.
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