Decorreu ontem e anteontem em Washington, a cimeira da NATO que
assinalou o 75º aniversário da organização criada em 1949, da qual Portugal é
um dos fundadores.
Segundo foi divulgado, a cimeira tratou especialmente da
guerra na Ucrânia, que resultou da invasão russa de Fevereiro de 2022, mas
também tratou dos desafios resultantes do forte investimento militar da China e
da coesão política entre os membros da NATO. Não sabemos se houve discursos
dissonantes, sobretudo por parte de Viktor Órbán e até de Justin Trudeau, como
hoje sugere a capa do jornal canadiano National Post, que se publica em
Toronto.
Os chefes de Estado e de governo presentes comprometeram-se com um
mínimo de 40 mil milhões de euros para apoiar o esforço de guerra ucraniano,
mas parece que nem todos assumiram esse compromisso.
Joe Biden esteve a “fazer prova de vida” em vésperas das eleições
americanas e tratou de dizer que “a Ucrânia vai travar Putin” e que “vamos
defender cada centímetro da aliança”, esquecendo-se que em Novembro pode haver
outras ideias na Casa Branca. Porém, a grande surpresa da cimeira terá sido a
declaração de Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO em fim de mandato,
que garantiu o apoio à Ucrânia para a sua futura integração na NATO. Em Moscovo
esta declaração foi considerada uma “grave ameaça para a segurança nacional
russa” porque a Rússia sempre recusou a expansão da NATO para a Ucrânia e vê
agora ser afirmada a garantia da sua futura integração na NATO. Até
parece uma declaração de guerra. A Rússia reagiu a essa declaração, acusou a
NATO de estar "totalmente envolvida no conflito com a Ucrânia" e os
Estados Unidos e a Europa de não serem partidários do diálogo, nem da paz,
apostando na confrontação. A cimeira também acusou a China de ser
“facilitador da guerra”, pelo que esta condenou a declaração da NATO,
acusando-a de usar “retórica beligerante” e de “incitar ao confronto” entre
blocos.
Entretanto, o presidente turco Recep
Tayyip Erdogan, que esteve na cimeira, manifestou-se apreensivo e assumiu que a
perspectiva de um conflito directo entre a NATO e o Kremlin é muito preocupante. Também
me parece.
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