O projecto europeu saído do espírito de Jean Monnet, Robert Schuman e Paul-Henri Spaak, visa uma união cada vez mais estreita entre os povos europeus, mediante uma acção comum que assegure o progresso económico e social dos seus países e elimine as barreiras que os dividiram durante muitos anos.
Além disso, o projecto visa o desenvolvimento harmonioso do espaço europeu pela redução das desigualdades entre as diversas regiões e do atraso das menos favorecidas, bem como a melhoria constante das condições de vida e de trabalho dos seus povos. Surgiu um mercado comum, instituiu-se uma união aduaneira e desenvolveram-se políticas comuns. A prosperidade consolidou-se. A coesão social tornou-se uma realidade. A solidariedade reforçou-se. O clube alargou-se e chegou aos 27 membros. Tanto os grandes como os pequenos tinham voz no grande espaço democrático. Era a União Europeia e o sonho.
Até que veio a crise em múltiplas dimensões - demográfica, social, económica, orçamental e financeira. A Europa estava adormecida e não soube reagir em tempo útil. A Alemanha aproveitou a indecisão europeia e tomou conta dela, impondo a sua vontade e a austeridade, humilhando e fazendo dos mais fracos seus reféns. Há quem diga que a arrogância de 1939 está de volta. Por culpa própria, a Grécia tornou-se o patinho feio. A ameaça de bancarrota e a saída forçada do euro levaram os principais partidos gregos a aprovar um novo pacote de austeridade, com cortes no salário mínimo e nas pensões. Seguiu-se uma noite de violência e de vandalismo em Atenas. Tudo está mais confuso, mas a identidade histórica e o orgulho grego estão a reagir contra a humilhação que vem da Alemanha e a falta de solidariedade europeia.
Aqui, diz-se tudo e o seu contrário. Há quem insista em afirmar que Portugal é diferente da Grécia, mas as vozes solidárias para com a Grécia estão a aumentar. Estamos em completa desunião europeia e eu cada vez tenho mais dúvidas a respeito de tudo isto.
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