O Presidente da República decidiu efectuar uma visita às Ilhas Selvagens, tal como tinham feito dois dos seus antecessores, mas ao contrário do que sucedera com Mário Soares e Jorge Sampaio, decidiu passar uma noite na Selvagem Grande.
Durante dois dias, esteve nas ilhas numa visita que coincidiu com o 50º aniversário da primeira expedição científica e que pretendeu assinalar a "importância científica, ambiental e estratégica" daquele pequeno arquipélago.
As Ilhas Selvagens são o local mais remoto do território português, encontram-se integradas administrativamente na Região Autónoma da Madeira e têm uma área aproximada de 4 Km2. Constituem dois pequenos grupos de ilhas – a Selvagem Grande (153 metros de altitude) com dois pequenos ilhéus que formam o grupo mais a norte e a Selvagem Pequena (49 metros de altitude) que, com o ilhéu de Fora e os ilhéus adjacentes, forma o outro grupo, estando separados por um profundo canal com cerca de 10 milhas de largura.
Desde 1971 que foi constituída a Reserva Natural das Ilhas Selvagens. A importância destas ilhas é enorme, não só pelas suas características ambientais, mas principalmente porque determinam os contornos da Zona Económica Exclusiva portuguesa (ZEE) e a sua extensão. Acontece que tem havido em Espanha quem interprete que as Ilhas Selvagens, localizadas a apenas 82 milhas do arquipélago das Canárias e a 163 milhas da Ilha da Madeira, são ilhéus e que, por isso, não poderiam ser consideradas na delimitação de uma ZEE de duzentas milhas.
A viagem presidencial tem por isso uma grande importância simbólica e é um acto de soberania que merece o aplauso dos portugueses. Porém, aconteceu numa altura inoportuna devido à crise que se vive em Lisboa e, além disso, a reportagem televisiva que pudemos observar, mostrou uma verdadeira multidão na comitiva presidencial, para além da fragata Vasco da Gama, do navio patrulha oceânico Viana do Castelo, do navio hidrográfico Gago Coutinho e de um helicóptero EH101. Tanta gente e tanta despesa em tempo de crise deixam muito a desejar e são lamentáveis.
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