Há menos de um mês
realizou-se em Lisboa uma manifestação contra
os cortes previstos no Orçamento do Estado para 2014 que, pela primeira
vez, juntou todas as polícias e que se concentrou em frente das
escadarias da Assembleia da República. Seriam cerca de 12 mil polícias de
diferentes corporações e o ambiente era de alguma tensão como costuma acontecer
nessas circunstâncias, com manifestantes a empurrarem as grades de segurança que
acabariam por ser recuadas. Em determinada altura os polícias (em protesto)
conseguiram furar o cordão dos polícias (em serviço) que os impediam de subir as
escadarias da Assembleia da República. Subiram-nas e só pararam à porta do edifício.
Foi uma atitude simbólica dos polícias (em protesto) e uma atitude sensata dos polícias
(em serviço), mas rapidamente tudo serenou. O governo não esperava esta “grave
afronta" ou esta "insubordinação” e decidiu demitir imediatamente o director geral da PSP, vindo
a nomear para o cargo o comandante da força policial que, mal ou bem, não evitou
que as escadarias fossem ocupadas pelos manifestantes. O assunto nunca foi claramente esclarecido, talvez para poupar a demissão do ministro, como seria normal que acontecesse. Porém, ele aí mostrou que tem pouca verticalidade. Passou menos de um mês e
o governo, como salienta hoje o Diário de Notícias, decidiu nomear o antigo director da PSP para um lugar especialmente
criado para ele: oficial de ligação do seu ministério na embaixada portuguesa
em Paris, onde irá ganhar 12 mil euros por mês, isto é, o triplo do que auferia como
diretor da PSP. Nunca esse cargo foi necessário e é uma autêntica e escandalosa
gaiola dourada. Podia ser em Alcoutim ou em Penedono, mas teve que ser em Paris. Embrulhem! O homem até podia não aceitar e ficaria na história como um insubornável
e incorruptível, mas aceitou. E o ministro podia não criar estes tachos neste tempo tão nebuloso, quando o
seu governo abusa da austeridade e promove despedimentos, faz aumentar a pobreza e aumenta a desigualdade. Que
vergonha é esta de termos o ministro Macedo a baixar ao nível dos seus pobres pares, ao arranjar tachos que vão ser
pagos com os dinheiros das nossas pensões, salários e impostos e, de
uma forma geral, com os nossos sacrifícios, a demonstrar que a austeridade não é
para todos! Que vulgar macedo.
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