A
desejada conferência de paz para a Síria começa hoje em Montreux, mas não se
esperam quaisquer resultados imediatos. Depois de cerca de três anos de guerra cruel
e sangrenta que matou mais de 130 mil pessoas, fez milhões de refugiados,
devastou a economia e destruiu as cidades que antes eram prósperas, os
representantes de mais de trinta países vão apelar às partes para negociarem
uma solução para o conflito, a que se seguirá, o primeiro frente-a-frente entre
os beligerantes ainda esta semana, apenas com a presença dos mediadores das
Nações Unidas.
De um lado estarão o Governo Sírio de Bashar el-Assad e os seus
aliados libaneses do Hezbollah. Do outro lado estarão os representantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, dos extremistas da Jabhat
Al-Nusra, da Frente Islâmica e do Conselho Superior Militar Sírio. Aparentemente,
nenhuma das partes procura ou espera um fim rápido para o conflito, porque do
lado do governo tem havido algumas vitórias militares no terreno que pretende consolidar
e, do lado da oposição, continua a divisão e a conflitualidade, além de ainda
estar longe de alcançar os objectivos mínimos a que se propõe, em especial o
afastamento de Bashar el-Assad. Esta primeira
ronda de negociações directas mediadas pela Rússia e pelos Estados Unidos vão decorrer
durante sete a dez dias, a que se seguirá um curto período de reflexão e de
consultas, esperando-se que os diplomatas saibam criar medidas de confiança e levar
as partes a dar pequenos passos na direcção da paz, através de acordos de cessar-fogos
locais e da abertura de corredores humanitários.
Entretanto, é preciso ter presente que o conflito
evoluiu para uma “guerra por procuração” entre o Irão (xiita) e a Arábia
Saudita (sunita), mas também entre os interesses da Rússia e dos Estados Unidos.
As negociações são, por isso, demasiado complexas e, como diz hoje o Libération,
é a paz impossível. Porém, é preciso que não seja assim.
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