Toda a gente sabe
da existência da economia paralela, da fuga ao fisco e da concorrência desleal,
mas ao consultarmos os estudos divulgados por entidades internacionais credíveis,
verificamos que a dimensão desses males no nosso país não é muito diferente da
que se verifica na Suécia, na Noruega ou na Alemanha, além de ser menor do que
aquilo que se verifica em alguns países da União Europeia. Portanto,
coloquemo-nos no nosso devido lugar e sem complexos, embora deva ser
estimulado o cumprimento dos nossos deveres cívicos para minorar esses males da sociedade.
Nesse sentido, o governo decidiu-se por uma verdadeira cruzada no combate à
economia paralela e teve a bizarra ideia de criar a Fatura da Sorte.
A Fatura da Sorte é um concurso que
premiará os consumidores que exijam as facturas correspondentes aos seus
consumos de bens e serviços, quando tomam cafés, engraxam sapatos, compram um
jornal ou usam alguns WC. Tal como acontece com
as promoções do tipo “Poupa mais”,
“quantas mais facturas forem emitidas a cada contribuinte” mais cupões vão a
concurso, segundo disse o porta-voz da iniciativa. O concurso terá
direito a transmissão televisiva, que provavelmente vai ser tão animada como “O preço certo” e, semanalmente, vai sortear automóveis que “em
princípio” serão viaturas novas “de gama elevada”. Tudo conta e
todos podem ganhar um automóvel, pelo que é de esperar algum sucesso desta
bizarra iniciativa. É a estratégia da cenoura!
A dignidade e a autoridade do Estado, assim como a
responsabilidade fiscal dos contribuintes ficam, desta maneira, colocadas ao
nível dos concursos televisivos e das promoções das grandes superfícies. Que mais nos irá acontecer?
Sem comentários:
Enviar um comentário