A maratona de
Nova Iorque é uma das mais famosas provas atléticas que se disputam no mundo e
teve ontem a sua 44ª edição com mais de 50 mil participantes e com os atletas
quenianos a ocuparem os dois primeiros lugares à chegada, quer na prova masculina
quer na prova feminina. Desde há muitos anos que este tipo de provas é dominado
por atletas africanos, sobretudo quenianos e etíopes, o que significa que os nossos
campeões olímpicos da maratona - Carlos Lopes (Los Angeles, 1984) e Rosa Mota
(Seul, 1988) – foram casos muito singulares na afirmação do nosso
desporto a nível mundial e não tenham tido verdadeiros seguidores entre nós.
No nosso panorama
desportivo são muito poucos os que conseguem ocupar posições de destaque ao
nível mundial e os nossos melhores atletas, em vez de serem estimulados pela
comunicação social, são quase sempre ignorados, numa lógica de completa subordinação
jornalística ao futebol. Assim sucede com os nossos atletas do ténis de mesa,
da canoagem ou do remo, mas também com os voleibolistas e os andebolistas,
entre outros praticantes desportivos, que têm conseguido boas prestações internacionais.
Ontem, na
primeira vez que correu os míticos 42.195 metros da maratona, a atleta Sara
Moreira concluiu a sua prova em terceiro lugar logo a seguir a duas atletas
quenianas, o que constituiu um notável resultado desportivo, até porque a atleta
fez a segunda melhor marca portuguesa de sempre. Quase todos os jornais
mencionaram essa proeza num canto escondido da sua primeira página, mas foi o Diário
de Notícias que teve a “ousadia” de trazer essa notícia para a sua
primeira página com o devido destaque. Porém, os jornais ditos desportivos, em
vez da proeza de Sara Moreira destacaram outras coisas, como as irrelevantes e
desinteressantes entrevistas dos jogadores Talisca e Casemiro, asim como as
declarações do treinador do Sporting a lamentar a falta de atitude dos seus
jogadores. É a lógica de vender papel a qualquer preço o que, desportivamente, é
muito triste. Parabéns à Sara!
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