sábado, 5 de janeiro de 2019

Podemos confiar no Ministério Público?

O Ministério Público é um órgão constitucional que é presidido pelo Procurador-Geral da República e que, de acordo com o artigo 3º da Lei nº 62/2013, entre outras atribuições, tem a função de representar o Estado e defender a legalidade democrática, exercer a acção penal e participar na execução da política criminal definida pelos órgãos de soberania. Nos últimos anos, fazendo uso do seu estatuto próprio, o Ministério Público tem promovido justificadas investigações sobre eventuais casos de corrupção que importa esclarecer para defesa da República e da Democracia.
Porém, na condução das suas investigações, os agentes do Ministério Público têm abusado dos seus poderes demasiadas vezes, manifestando sinais de falta de respeito pelos cidadãos, de intolerância cívica e até espírito de vingança. Muitas vezes esses sinais têm sido mostrados em directo pelas televisões, revelando a promiscuidade que existe com os pasquins sem escrúpulos que por aí circulam e que envenenam o espaço público. É um escândalo nacional e uma vergonha. As violações ao segredo de justiça tornaram-se uma norma e um escândalo nacional, em que há cidadãos que são condenados na praça pública através dos panfletos do tipo-correio-da-manha. Nenhum jornal, nenhuma televisão, nem nenhum jornalista foram condenados por não respeitarem a presunção de inocência, por violarem o segredo de justiça ou por atentarem contra o direito à privacidade e ao bom nome dos cidadãos. Isto não é “representar o Estado e defender a legalidade democrática”, como a lei determina ao Ministério Público, que eu ajudo a suportar com os meus impostos.
Agora, o tribunal acaba de absolver o ex-ministro Miguel Macedo e outros 18 cidadãos, depois de uma averiguação conduzida pelo Ministério Público durante quatro anos (!) e de uma campanha difamatória conduzida pelos pasquins do costume. Quem vai limpar o bom nome de Miguel Macedo? Quem vai ser responsabilizado por esta perseguição do Ministério Público? Afinal a ex-Procuradora-Geral da República andou a dar tiros de pólvora seca. Será que podemos confiar no Ministério Público?

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