A notícia da
demissão do ministro Mário Centeno e da indigitação de João Leão como o novo
Ministro das Finanças de Portugal chegou rapidamente a Goa e o centenário
jornal Herald destacou essa informação na sua primeira página, com uma
notícia a quatro colunas e com uma fotografia do novo ministro. A publicação
desta notícia não resulta de haver um interesse ou um acompanhamento regular da
realidade portuguesa por parte da imprensa goesa, mas apenas do facto da
promoção de João Leão fazer com que passe a haver três ministros de origem
goesa no governo português. Trata-se de um acontecimento único no contexto da
União Europeia e esse facto é um motivo de orgulho para os goeses, porque no
contexto dos 28 estados federados que constituem a União Indiana, com diásporas
espalhadas um pouco por todo o mundo, são muito raros os casos em que elementos
de origem indiana entraram nos governos ou nos parlamentos dos países de
acolhimento. No caso de Goa, durante os muitos anos em que a ligação a Portugal
era desvalorizada e pouco recomendada pelas autoridades goesas, era localmente endeusado
o deputado inglês Keith Vaz, de origem goesa, não sendo salientado que em
Portugal sempre houve membros do governo e deputados de origem goesa.
O facto de
passarem a haver três ministros de origem goesa em Portugal, incluindo o
primeiro-ministro, tem um aspecto curioso. É que, embora sem que tenha qualquer
relação com o que se passa com o governo português, também em Goa são cada vez
mais intensos os sinais de aproximação cultural a Portugal. Quase sessenta anos
depois da queda da Índia Portuguesa, as novas gerações de goeses começam a
manifestar um interesse pela língua e pela cultura portuguesas que estão
presentes nas suas raízes e são um elemento central da sua identidade, até
porque a história da sua terra e dos seus antepassados está escrita em português.
Significa, portanto, que Goa está na história de Portugal, da mesma forma que
Portugal está na história de Goa.
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