segunda-feira, 14 de setembro de 2020

A tensão greco-turca e as armas francesas


Existe uma grande rivalidade e uma potencial conflitualidade entre a Grécia e a Turquia que tem raízes históricas, mas que se acentuou depois de 1832 quando a Grécia se tornou independente do Império Otomano. Os dois vizinhos do Mediterrâneo Oriental são distintos, tanto cultural como religiosamente, e têm passado por períodos de hostilidade, incluindo quatro guerras greco-turcas intercalados com períodos de reconciliação e cooperação. Em 1952 ambos entraram na NATO, não só como fronteira atlântica a oriente, mas também para encontrarem novas formas de relacionamento. 
Tudo corria bem, mas em 1974 a Turquia invadiu Chipre e a instabilidade voltou a ameaçar os dois países, embora o desejo turco de entrar na União Europeia tivesse atenuado essa tensão.
Porém, foram recentemente descobertas reservas de gás natural no Mediterrâneo Oriental, sobretudo na área marítima da ilha de Chipre, onde se cruzam interesses gregos, cipriotas e turcos, que se assumem como os defensores dos direitos da República Turca do Chipre do Norte.
A questão resulta da definição das plataformas continentais, pois os gregos entendem que devem ser calculadas com a inclusão das suas ilhas, enquanto os turcos rejeitam esse cálculo. A questão é polémica e apesar de haver países a querer arbitrar este conflito, os turcos avançaram para aquela área com um navio de investigação e dois navios militares de apoio “para defender os seus direitos de exploração de recursos”.
A Grécia tratou de afirmar que defenderá a sua soberania e os seus direitos soberanos, tendo pedido à Turquia que se retire da “plataforma continental grega” e tratou de enviar navios de guerra para monitorizar os turcos. Entretanto, entre muitas solidariedades que os gregos têm na União Europeia, está a França que, segundo anunciou hoje o jornal Le Figaro, acaba de vender 18 aviões de combate Rafale, helicópteros e fragatas à Grécia. Nestas situações os franceses nunca perdem tempo…  

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