domingo, 6 de setembro de 2020

O incrível rumo eleitoral americano


As eleições presidenciais americanas realizam-se no dia 3 de Novembro o que significa que estamos a menos de dois meses do dia da votação. A campanha eleitoral vai começar a acelerar, mas o facto é que Donald Trump tem vindo a recuperar nas intenções de voto relativamente ao democrata Joe Biden, pois enquanto há um mês as sondagens o situavam 9% abaixo de Biden, as mesmas sondagens indicam que Trump está agora a 6.9% do seu adversário. Porém, nos chamados estados decisivos – California, Texas, Florida e Nova Iorque – as intenções de voto estão muito equilibradas e será nesses estados que tudo se decidirá.

Ontem a reputada revista The Economist destacou as eleições americanas como tema principal e referiu-se-lhe como uma ugly election, que traduzido para português significa uma eleição feia, perigosa, repelente. De facto, depois de Donald Trump ter incentivado os seus eleitores a tentarem votar duas vezes, primeiro por correspondência e depois presencialmente, há todas as razões para que se olhe com desconfiança para as eleições americanas e que se duvide que possam ser livres e justas. E não foi um lapsus linguæ pois Trump repetiu aquele incentivo e só muito depois emendou a mão ao acrescentar, que só se deveria votar presencialmente na secção eleitoral se o voto por correspondência não tivesse chegado. Entretanto, Donald Trump continua a ameaçar e a insultar os seus adversários, embora não consiga calar muitas das pessoas que lhe são próximas, como a sua irmã Maryanne Trump Barry, uma antiga juíza de 83 anos de idade que numa entrevista para o jornal The Washington Post descreveu o seu irmão-presidente como cruel, mentiroso e sem quaisquer princípios.

A estratégia de Trump tem alimentado a agitação social e étnica para aparecer aos olhos dos americanos como o homem que pode acabar com a agitação (que ele próprio alimenta), mas há muita gente que receia que, pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um candidato derrotado não aceite o resultado eleitoral. Esse candidato pode ser Trump e disso já deu demasiados sinais. Por isso, é inacreditável o rumo eleitoral americano e daí que The Economist tivesse classificado as eleições de 3 de Novembro como uma ugly election.

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