As eleições
legislativas alemãs que se realizaram no domingo eram esperadas com bastante
expectativa porque os eleitores iriam escolher os 735 deputados para o
Bundestag, de onde sairá o sucessor de Angela Merkel. Na tradição política
alemã não é costume que um só partido obtenha a maioria de 368 deputados e, por
isso, o processo de formação dos governos obriga a muitas negociações, alianças
e coligações. Assim vai ser desta vez, embora num quadro de mudança, depois de
dezasseis anos de governos dirigidos pelo CDU de Angela Merkel.
O partido mais
votado foi o SPD de Olaf Scholz que teve 25.7% dos votos e conquistou 206
mandatos, enquanto o segundo partido mais votado foi a CDU de Armin Laschet que
teve 24.1% dos votos e conquistou 196 mandatos. Há, portanto, um grande
equilíbrio entre o centro-esquerda do SPD e o centro-direita da CDU e não se
sabe qual deles vai conseguir fazer uma coligação de governo. O terceiro
partido mais votado foi o Partido Verde de Annalena Baerbock que conseguiu
14.8% dos votos e 118 mandatos; o quarto foi o FDP, o partido liberal de
Christian Lindner com 11.5% dos votos e 92 mandatos; o quinto foi o AfD, o
partido populista de extrema-direita com 10.3% e 83 mandatos; o sexto foi o Die
Linke de extrema-esquerda populista com 4.9% dos votos e 39 mandatos.
Tudo parece
orientar-se para uma primeira negociação/coligação entre Verdes e Liberais que juntos
representam 210 mandatos e, depois, numa negociação entre este grupo
verde-liberal com cada um dos dois maiores partidos. De qualquer forma, o processo
vai ser demorado e tanto Olaf Scholz como Armin Laschet podem vir a suceder a
Angela Merkel, como sugere o Süddeutsche
Zeitung, o maior jornal alemão,
que na sua edição de hoje destaca em primeira página a fotografia dos dois
possíveis chanceleres da Alemanha. Ou será que há espaço para uma terceira
hipótese? Ou que tudo se complica e que a Alemanha tenha de recorrer a novas
eleições?
Tudo pode acontecer e a isto é que se pode chamar política com geometria variável.
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