segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

R. I. P. Desmond Tutu

Com 90 anos de idade, faleceu ontem em Capetown o arcebispo Desmond Tutu (1931-2021), uma das mais importantes figuras da Igreja Anglicana na República da África do Sul. Era amigo e companheiro de luta de Nelson Mandela (1918-2013), o homem que dirigiu o movimento do Congresso Nacional Africano (ANC) e foi o primeiro presidente eleito do país entre 1994 e 1999.
Desmond Tutu foi o primeiro negro nomeado deão da catedral de Johanesburgo e em 1976 foi sagrado bispo da diocese de Lesoto, onde intensificou a sua luta contra o apartheid e a favor dos direitos civis iguais para toda a população. Em reconhecimento da sua corajosa luta, em 1984 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz, a que se seguiu a atribuição de diversos títulos honoris causa por diversas universidades americanas e europeias. A partir de 1990, quando Nelson Mandela foi libertado, depois de 28 anos de prisão, Desmond Tutu tornou-se um dos seus principais apoios, quando já se tornara o primeiro negro a ocupar o cargo de arcebispo de Capetown.
Em 1992 foi referendado o apartheid, que veio a ser extinto em 1994 com as primeiras eleições sul-africanas que Nelson Mandela venceu. Com o fim do apartheid, o arcebispo Desmond Tutu continuou a ser uma figura central da política sul-africana, muito respeitado pela população e sempre apostado na luta contra a segregação racial. Na sua corajosa luta pela igualdade racial esteve sempre ao lado de Nelson Mandela, dizendo que “a voz de Desmond Tutu será sempre a voz dos que não têm voz”. A partir de 1996 veio a presidir à Comissão de Reconciliação e Verdade destinada a promover a integração racial sul-africana, depois de cerca de 50 anos de apartheid.
Quem conheceu o apartheid viu como era desumano, cruel e indigno. Quem lutou contra o apartheid foi muito corajoso e Desmond Tutu foi um deles. A sua morte foi destacada pela imprensa americana e europeia de referência, designadamente pelo jornal londrino The Guardian, que o classificou como "o campeão universal dos direitos humanos".

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