As imagens que as
televisões nos mostram de milhares de refugiados, sobretudo mulheres e
crianças, que procuram segurança na Polónia e na Roménia, impressionam mais do
que as imagens de tanques ou de viaturas destruídas, ou que as notícias de
combates à volta das cidades ucranianas. Essas imagens, que mostram a face mais
desumana e mais cruel da guerra, têm sido o elemento mobilizador da opinião
pública mundial na solidariedade e no apoio ao povo ucraniano. Muitos milhares
de pessoas em inúmeras cidades europeias e não europeias, têm vindo para a rua
protestar contra a guerra e contra os desígnios de Vladimir Putin, que parece
não ter sequer o apoio da maioria da população russa. Ao mesmo tempo, a União
Europeia veio mostrar um sentido de unidade que não lhe era habitual, ao
adoptar sanções económicas severas contra a Rússia e medidas de apoio à
Ucrânia, onde se inclui o fornecimento de material letal. Em edição especial, o
jornal Le Monde destaca hoje a união da Europa no apoio à Ucrânia como
um facto notável, pois representa a vontade europeia de actuar autonomamente em
relação aos Estados Unidos e à NATO. As vozes dos falcões atlantistas como são as figuras de Joe
Biden ou de Jens Stoltenberg têm-se apagado, enquanto as vozes europeístas de
Ursula von der Leyen, Josep Borrell, Emmanuel Macron ou Charles Michel têm sido
ouvidas com mais insistência, a mostrar que o problema ucraniano é um problema
europeu.
Apesar de já se
terem dado alguns passos no sentido de um cessar-fogo, a situação é muito complexa e
até mesmo perigosa, mas todos havemos de confiar que uma boa solução possa estar
a caminho, sobretudo se o assunto for tratado como um problema entre europeus,
o que dispensa o irritante da participação directa e injustificada da NATO e
dos americanos na solução desta crise.
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