António Guterres,
o secretário-geral das Nações Unidas, esteve em Ancara no passado dia 25 de
Abril para falar com Recep Erdogan, esteve em
Moscovo no dia 26 para falar com Vladimir Putin e esteve em Kiev no dia 28 para
falar com Volodymyr Zelensky. Na altura foi muito criticado, inclusive por
alguma comunicação social portuguesa, porque a sua iniciativa foi demasiado
tardia. Porém, os resultados foram positivos e foi possível retirar idosos,
mulheres e crianças do Azovstal, o complexo industrial da cidade de Mariupol,
tendo António Guterres declarado depois que, mesmo em tempo de
hipercomunicação, a diplomacia silenciosa produziu e pode produzir mais
resultados. Durante esses dias, ele recusou dar detalhes sobre as operações em
curso “para evitar minar possíveis sucessos”.
Ao contrário de
Guterres, muitos têm sido os líderes que têm ido a Kiev para mostrar solidariedade ou levar um cheque
mas, sobretudo, apenas para se mostrarem e fazerem a sua propaganda pessoal.
A imprensa
mundial a que temos acesso, que tanto tem feito para formatar as opiniões
públicas através da repetição exaustiva das mesmas histórias, dos mesmos
relatos e dos mesmos comentários, simplificando o que é uma história complexa e
reduzindo-a frequentemente a uma confrontação entre o bem e o mal, não deu relevo
aos esforços de António Guterres e, pelo contrário, todos os dias anuncia o
envio de mais javelins e mais stingers, mais carros de combate
destruídos ou mais aviões abatidos.
Nestas
circunstâncias, tem um enorme significado a declaração unânime do Conselho de
Segurança das Nações Unidas de “forte apoio” aos esforços do secretário-geral
para encontrar uma solução pacífica para o conflito, pois foi a primeira vez
que produziu uma declaração conjunta sobre a Ucrânia, desde que a guerra
começou no dia 24 de Fevereiro. Reagindo a essa declaração, António Guterres
afirmou, em comunicado: "Hoje, pela primeira vez, o Conselho de Segurança
falou a uma só voz pela paz na Ucrânia. Como tenho dito muitas vezes, o mundo
deve unir-se para silenciar as armas e defender os valores da Carta das Nações
Unidas". É exactamente isso, que aqui temos defendido mas, objectivamente, tanto a imprensa nacional como a internacional parecem não se interessar por estes esforços
de António Guterres.
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