Marcelo Rebelo de
Sousa, o nosso venerando Chefe do Estado, tem andado numa roda-viva e em
ambiente de euforia, como ele tanto gosta. Nos últimos dias encheu as nossas
televisões com discursos, declarações e comentários sobre tudo, informou sobre
o estado de saúde de António Costa e irradiou satisfação como se tudo estivesse
a correr bem no país e como se os tempos que aí vêm não fossem muito
preocupantes. É saudável que o país tenha um presidente que irradia felicidade
e que procura incentivar a autoestima da “arraia miúda”, mas tem que haver
proporcionalidade e contenção nos beijinhos, nas selfies, nas gargalhadas e nos elogios que faz aos seus
concidadãos. Somos bons, sim senhor, mas talvez não sejamos os melhores do
mundo, como o nosso presidente gosta de repetir e até haja quem acredite nisso.
No dia 10 de
Junho, Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Braga a celebrar o Dia de Portugal,
mas no dia 12 à noite já estava em Lisboa nos festejos de Santo António. Entre
estes dois eventos que lhe deram um enorme tempo de antena como ele tanto
gosta, ele visitou a comunidade portuguesa de Londres, onde conviveu com “as
várias centenas de cristianos-ronaldos que Portugal enviou para a Inglaterra” e
condecorou o enfermeiro Luís porque, por mero acaso, foi ele que tratou o Boris
quando ele teve covid-19, mas essa
visita não teve qualquer impacto nos media
ingleses. Depois, o supremo magistrado da Nação voou para Andorra, onde
anunciou coisas que não lhe competem, como por exemplo o estabelecimento de um
consulado-geral em Andorra la Vella e a desejável activação de um voo directo
entre Lisboa e o principado. O jornal El
Periòdic d’Andorra foi apenas um dos jornais que destacaram a visita do
Presidente da República de Portugal, com fotografia de primeira página.
Tudo isto me parece um exagero e faz-me lembrar um provérbio popular português: Quem não aparece esquece, mas quem muito aparece, tanto lembra que aborrece.
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