Exceptuando as
gentes do mundo do futebol e, em especial, os casos de Cristiano Ronaldo e José
Mourinho, só em raríssimos casos a imprensa internacional tem destacado
acontecimentos ou personalidades portuguesas nas suas primeiras páginas. Ontem,
aconteceu isso, quando o novo Presidente da Câmara Municipal do Porto foi
notícia na primeira página da edição internacional do diário norte-americano The
New York Times, que é um dos mais influentes jornais mundiais. É um
caso absolutamente raro, provavelmente único nos últimos anos. O jornal destaca
a vitória de Rui Moreira nas eleições autárquicas de 29 de Setembro, a que se
apresentou como candidato independente e sem o apoio de máquinas partidárias,
tendo conseguido um resultado praticamente sem precedentes em Portugal e em
quase toda a Europa ocidental: ser eleito Presidente da Câmara de uma grande
cidade, sem pertencer a um partido político e a criticar o aparelhismo dos partidos políticos.
O jornal aponta
Rui Moreira como um factor de esperança democrática em Portugal e até no espaço político
europeu, onde os partidos políticos tradicionais estão a ser vistos com cada
vez mais indiferença pelos eleitores que os associam à corrupção, ao desemprego
e às políticas de austeridade, salientando a sua posição sobre a
crise económica e a crise de liderança e de ideais que se vive na Europa, onde
os partidos populistas ou fascisantes tendem a afirmar-se na Grécia, na Itália,
na França e na Grã-Bretanha. Além disso, o jornal salienta que Rui Moreira
rejeita os vícios do aparelhismo e
defende que o nosso país precisava de um programa de ajustamento, mas considera
que "o que aconteceu em Portugal foi uma overdose" de austeridade. Este
homem é diferente e pode ser uma janela de oportunidade neste lusitano imbróglio.
Foi isso que o The New York Times percebeu e destacou.
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