Na sua última
edição a revista francesa Le Point pergunta quem dominará o
mundo depois da pandemia que nos continua a afectar, utilizando uma fotomontagem
em que alguns líderes mundiais correm numa prova para alcançar o primeiro lugar
nessa corrida atlética. A pergunta da revista é pertinente, até porque a
História nos mostra que depois das grandes crises nada fica como antes. Assim,
depois do centro do mundo ter estado na Europa e depois ter passado para os
Estados Unidos, quase sempre em situações de acentuada bipolaridade, pergunta-se
o que vai acontecer na competição entre os grandes espaços – América, Ásia e
Europa – para a relocalização do centro do mundo, embora cada vez mais se
pareça caminhar para um mundo multipolar que, certamente, será mais instável e
mais perigoso.
A fotomontagem é
muito sugestiva e mostra cinco atletas em prova atlética: Emmanuel Macron
(França), Angela Merkel (Alemanha), Joe Biden (Estados Unidos), Tsai Ing-wen
(Taiwan) e Xi Jinping (China). Porém, se coubessem nessa fotomontagem, talvez lá
pudessem ser incluidos outros atletas, como Vladimir Putin (Rússia), Boris
Johnson (Reino Unido), Narendra Modi (Índia), Yoshihide Suga (Japão) ou Recep Erdoğan (Turquia).
No
actual contexto pandémico que sugere naturais mudanças na ordem mundial, a
análise da geopolítica e da geoestratégia mostram como se confrontam as
ambições das grandes e das médias potências, como se constroem alianças e como
a paz e o progresso são demasiado vulneráveis à actuação dos líderes que vão
controlando o mundo.
Creio que todo o mundo - não equivalente a todos, já que as desigualdades têm continuado a crescer - vivia acima do que o planeta Terra permitia. De maneira que mais tarde ou mais cedo esta mudança de vida tinha de se dar. O "19" só precipitou as coisas.
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