A guerra na
Ucrânia já dura há mais de oitenta dias e não se vislumbra como possa acabar,
mas a conversa havida no dia 13 de Maio entre os responsáveis políticos pela defesa
americana e russa, respectivamente Lloyd Austin e Sergey Shoygu, a primeira que
tiveram desde o início da guerra, pode ser uma oportunidade para a paz.
Hoje é
evidente que o que se passa na Ucrânia é uma guerra por procuração entre os
Estados Unidos e a Rússia, na qual esta não conseguiu os seus objectivos iniciais,
nem obteve nenhuma grande vitória, correndo mesmo o risco de ser humilhada
pelos combatentes ucranianos e pelo seu moderno armamento, que tem sido fornecido em abundância pelos Estados Unidos e por outros países da NATO. A invasão
russa e a máquina militar americana, fizeram da Ucrânia um campo de batalha
entre as duas potências militares rivais, ignorando os interesses de um país que
é dividido por duas culturas, duas línguas e duas religiões. Os países europeus podiam ter procurado a paz, mas pouco têm feito para além de seguirem o “amigo americano”, como se os
interesses de ambos fossem comuns, enquanto são muito poucas as vozes que pedem
a paz.
Neste quadro, a
Suécia e a Finlândia decidiram pedir a adesão à NATO, por entenderem ser essa a
melhor forma de garantir a sua segurança, depois do que viram ter acontecido à
Ucrânia, apesar das ameaças russas explícitas ou implícitas. O jornal espanhol ABC
dedica a primeira página da sua edição de hoje a esse facto e reproduz as
afirmações do secretário-geral da NATO, um homem que fala como se tivesse mandato
dos estados-membros e que afirmou que “la OTAN protegerá militarmente a Suecia y
Finlandia durante el proceso de adhesión”. Ele lá sabe quem lhe deu estas instruções...
Estes países
nórdicos, tradicionalmente neutrais e que actualmente têm mulheres como
primeiras-ministras, tomaram uma decisão histórica e legítima que os seus
Parlamentos aprovaram, mas de que a Rússia não gostou, o que poderá enfurecer
mais o imprevisível Putin.
Com esta decisão,
que certamente vai ser aprovada, toda a arquitectura de segurança e defesa
europeia vai ser alterada e ninguém é capaz de dizer como vai ser o futuro.
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