A selecção
francesa de râguebi perdeu ontem por 29-28 com a equipa sul-africana e foi
eliminada na Rugby World Cup. Quando um país inteiro esperava que a sua equipa
pudesse conquistar pela primeira vez o título mundial e sonhava festejá-lo em
directo e ao vivo no dia 28 de Outubro no Stade de France, em Paris, esta
derrota foi demasiado dura para os franceses. Nas suas edições nacionais ou
regionais de hoje, toda a imprensa destaca a derrota dos blues e o jornal Midi Libre que se publica em
Montpellier, destaca essa notícia com o título “si cruel”. Porém, o fim do
sonho francês teve repercussão generalizada em toda a imprensa francesa que hoje utiliza
títulos como “tellement cruel”, “terrible désillusion”, “le rêve brisé”, “point
final”, “à pleurer” ou “une cruelle défaite”, ignorando tudo o que se passa no
mundo, incluindo o noticiário do Médio Oriente, a crise da Ucrânia, os
problemas dos refugiados, as alterações climáticas ou até o desgoverno em que
se move a União Europeia que, pela mão de Ursula von der Leyen, se tornou um peão
irrelevante e sem voz na política internacional.
Numa altura em
que o mundo ainda está chocado com a barbaridade do que está a acontecer no
Médio Oriente, não deixa de ser curioso que a palavra cruel que tem servido para classificar as acções do Hamas, também
sirva para classificar uma derrota num simples jogo de râguebi.
As palavras devem
ter um significado preciso, mas o novo jornalismo tende cada vez mais a usá-las de
uma forma desproporcionada, ou até inverdadeira, para satisfazer as emoções dos
seus leitores e não para relatar factos com verdade e objectividade.
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