No meio do vendaval que tem atravessado a
FIFA e que, sob fortes suspeitas de corrupção, levou à detenção de alguns dos
seus dirigentes de topo e à demissão do seu recém eleito presidente, começam a
surgir informações sobre a opulência financeira em que vivia essa organização. Sabe-se
agora que não se tratava apenas das muitas e excessivas mordomias de que os
membros da organização beneficiavam, nem das fortes suspeitas de recebimento de
desonestas comissões, mas também dos salários que constituiam a parte mais
visível dessa opulência. Assim, foi agora revelado que o salário anual médio
pago pela FIFA às suas cinco centenas de funcionários baseados em Zurich atinge
242 mil dolares (cerca de 220 mil euros), sendo que os mais elevados salários são atribuidos
aos 25 membros do seu comité executivo e aos 12 directores da organização. Uma
fartura de notas! Estes valores ultrapassam largamente os salários que são
praticados pelas outras federações desportivas, designadamente pela UEFA (177.000
dolares), pela União Ciclista Internacional (108.000 dolares) e pela Federação Internacional
de Ténis (100.000 dolares). Só os salários médios dos funcionários do Comité
Olímpico Internacional que está instalado em Lausanne e que atingem 217 mil dolares,
rivalizam com a FIFA. Estes valores salariais são excessivos e não têm paralelo
no mundo empresarial, nem sequer nas maiores multinacionais. Como a FIFA nada
produz e se limita a receber as largas somas de dinheiro que caem na sua conta
bancária devido aos direitos publicitários e aos direitos relativos às
transmissões televisivas dos jogos de futebol, é natural que tanto dinheiro
deslumbre os seus funcionários, sobretudo aqueles que têm algum poder de
influência e de decisão no mundo do futebol. É caso para perguntar como foi
possível que tudo isto acontecesse durante tantos anos, sem que ninguém visse e
que todos se calassem.
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