O semanário Courrier
International tem a sua sede em Paris e os temas que trata em cada uma
das suas edições resultam de escolhas editoriais feitas pelo seu corpo
redactorial, depois de previamente debatidos, o que significa alguma
independência em relação aos interesses que cada vez mais manipulam a
informação, através da desinformação ou das fake
news.
Na sua última
edição o semanário aborda a questão geopolítica do momento e afirma que “as
guerras na Ucrânia e em Gaza ampliaram ainda mais o fosso entre os países
ocidentais e o Sul Global” e afirma que estão “a pôr em causa a ordem
internacional herdada da Segunda Guerra Mundial e as instituições que a
acompanham”. Segundo a revista, a expressão “L’Occident contre le reste du
Monde” ou “The West versus the Rest” é cada vez mais utilizada para designar o
fosso entre os países ocidentais e a multiplicidade de países que são o resto
do mundo e que parece rejeitarem cada vez mais a visão ocidental da ordem
internacional, como se verificou na recente votação a favor da Palestina nas
Nações Unidas. Quando se esperava que o prestígio histórico das democracias
ocidentais assumissem um papel de moderadores ou de esforçados mediadores na
reconciliação, na arbitragem e na manutenção da paz e da harmonia, optaram por
se tornarem protagonistas activos sob a direcção das Ursulas e dos Stoltenberg
e, sobretudo, dos grandes interesses ligados à produção e venda de material de
guerra.
No caso da
Ucrânia e, sobretudo, na aliança objectiva com o extremismo de Benjamin
Netanyahu, o chamado Ocidente parece alucinado e perde terreno face ao dinamismo asiático,
comporta-se como um velho aristocrata falido e, muitas vezes, tende a
apresentar-se como se ainda fosse o centro do mundo. A sua narrativa conta cada
vez menos e, como salienta o Courrier International, temos
“l’Occident contre le reste du Monde”.
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